“E o Senhor ficou profundamente indignado com Salomão, pois desviou seu coração para longe do Senhor, o Deus de Israel, que lhe havia aparecido tantas vezes” (1 Reis 11.9). Basicamente, assim termina a história de Salomão, filho de Davi, rei de Israel no apogeu de sua história política, a vez em que Israel chegou mais perto de ser uma potência a ser levada em conta no contexto político.
Salomão, o rei que quando jovem só tinha pedido a Deus sabedoria para governar seu povo com justiça, com a sabedoria recebera também riquezas e glória (1 Reis 3.13). Aparentemente, a sabedoria acabou sendo usada bastante em função de administrar as riquezas e a glória. E quando isso acontece, é comum que as riquezas e a glória acabem ditando os caminhos. Uma coisa vai levando à outra, passam-se os anos, e quando vê Deus tem que aparecer a Salomão uma última vez, para passar a história em revista e fazer um ajuste de contas.
Desde a perspectiva divina, o fato mais importante desses anos tão cheios na história de Israel, é que Salomão não cuidou do seu coração. Um dos provérbios atribuídos na Bíblia a Salomão diz: “Sobre tudo que se deve guardar, guarda o teu coração, porque dele procedem as fontes da vida” (Provérbios 4.23). Desde a primeira vez em que Deus apareceu a ele, a palavra divina colocava a condição para que tudo desse certo: “Se andares nos meus caminhos…” (1 Reis 3.14). “Se andares conforme as minhas determinações…” (1 Reis 6.12). “Se andares diante de mim … com integridade de coração e com sinceridade…” (1 Reis 9.4). Na penúltima vez que conversaram, Deus acrescenta: “Mas se vocês e os filhos de vocês de qualquer maneira se apartarem de mim…” (1 Reis 9.6).
Na perspectiva do texto bíblico, o reinado de Salomão representa uma afronta às palavras proféticas de Deuteronômio 17.16-20: “[O rei de Israel] não multiplicará para si cavalos, nem fará o povo voltar ao Egito …; não multiplicará para si mulheres…; nem multiplicará para si prata ou ouro”. Salomão foi considerado grande sábio. Vários livros bíblicos são atribuídos a ele. Se ele realmente fez para si uma cópia da Instrução divina e a tinha consigo e lia nela todos os dias da sua vida, para aprender a temer ao Senhor, seu Deus (Deuteronômio 17.18-19), não podemos saber. Certo é que, ao final de sua vida, ele é retratado como o rei que não andou nos caminhos de Deus. Que deixou seu coração se desviar atrás de outros deuses, não por último por causa de seu apego ao poder, às mulheres e ao ouro.
Agora, na última vez em que conversaram, Deus constata que Salomão não havia guardado as Suas determinações (1 Reis 11.10). Não havia guardado a Sua aliança (11.11). Salomão “desviou seu coração para longe do Senhor, o Deus de Israel” (11.9). Por isso “tirarei de ti o reinado, e o darei ao teu servo” (11.11). Por causa do Seu amor a Davi e a Jerusalém, o sucessor de Salomão ficará ainda com uma das onze tribos, as dez restantes lhe serão tiradas” (11.13). Prepara-se, assim, o cenário para a continuação da história narrada na Bíblia.
Dia 301 – Ano 1