Estamos em meio a um conflito entre os israelitas e os sírios, coisa relativamente frequente na época (e até hoje!). Depois das provocações, tudo dito, chegou a hora de ir para o combate. Enquanto Ben Hadade, rei da Síria, colocava seu exército em prontidão, um profeta se dirige a Acabe, rei de Israel, prometendo-lhe vitória, inclusive dando detalhes (1 Reis 20.13-14).
A tática empregada não nos fica bem clara, mas parece que uma espécie de batalhão de elite foi à frente, seguido do restante do exército israelita. E parece que funcionou, pois o resultado foi que “os sírios fugiram, com Israel os perseguindo” (20.20). Ben Hadade conseguiu fugir, mas seu exército foi destroçado. Nisso, o profeta volta para advertir Acabe a que veja bem o que vai fazer agora, pois daqui um ano os sírios viriam de novo.
Do lado sírio, um conselho de guerra se reuniu para deliberar, chegando à seguinte conclusão: os deuses dos israelitas são deuses das montanhas, por isso eles ganharam. Se a batalha tivesse sido em campo aberto, a história poderia ter sido outra. Além disso, os sírios tomaram outra decisão estratégica. Em vez de lutar ao lado de reis vassalos, chamariam os governadores das províncias, que aparentemente tinham mais por que lutar.
Assim, um ano depois os dois exércitos voltam a se confrontar. A diferença numérica era palpável. Mais uma vez um profeta (um “homem de Deus”, 20.28) intervém e traz uma palavra divina ao rei de Israel. Os sírios pensavam nos “deuses de Israel” como uns entre outros, com circunscrição definida (no caso, eram deuses das montanhas). Por isso o Deus de Israel promete que neste vale Ele os entregaria aos israelitas, “e vocês vão saber por experiência que Eu sou o Senhor” (20.28).
Terminados os preparativos, novo enfrentamento, com outra vitória dos israelitas. Os que escaparam tentaram se refugiar em uma cidade próxima, e ali aconteceu algo surpreendente: o muro da cidade caiu em cima dos sírios, e acabou com eles (20.30). Ben Hadade conseguiu escapar, com seus guardas pessoais, e se escondia de casa em casa. Então seus homens tiveram uma ideia. Eles tinham ouvido que os reis de Israel costumam ser benignos no trato com adversários penitentes. Aí montaram uma cena e suplicaram pela vida de Ben Hadade. Acabe, pelo jeito, caiu e recebeu Ben Hadade como “irmão” (20.32).
Um dos “discípulos dos profetas” (20.35) é mandado ao rei Acabe e faz também ele uma cena, e finalmente o acusa de não ter cumprido a determinação divina de acabar com Ben Hadade. Por isso, diz o profeta, quem vai pagar será ele, Acabe, e seu povo. E assim, mesmo tendo obtido uma vitória, Acabe volta para casa “contrariado e indignado” (20.42). Histórias assim há muitas na Bíblia, mostrando seu lado humano e como, nele, Deus com paciência vai acompanhando e guiando Seu povo.
Dia 328 – Ano 1