Como a palavra profética parecia confusa e dividida, o rei de Israel decidiu dar voto de confiança aos seus próprios profetas. E o rei de Judá o acompanhou. O rei de Israel, cujo nome até aqui só tinha sido mencionado na fala de Deus à corte celeste (1 Reis 22.20), para os mortais continua sem nome. Mas dá para ver que ele tinha experiência em guerrear contra os sírios. Ele convence Josafá, o rei de Judá, a vestir trajes reais enquanto ele iria entrar na batalha disfarçado, talvez perturbado pelo que Micaías havia dito. E logo o texto nos informa que por acaso, no lado sírio, a ordem era de localizar o rei de Israel e concentrar o ataque nele. Quando enxergaram Josafá pensaram que ele era o rei de Israel, e foram para cima dele. Mas por sua reação viram que não era ele.
Mas aí quis o acaso que alguém atirasse uma flecha meio sem rumo, e ela acabou acertando o rei de Israel exatamente num ponto entre as juntas da sua armadura. Percebendo que tinha sido gravemente ferido, o rei de Israel pede que o afastem da frente de batalha e que o mantenham em pé em seu carro de guerra, para dar coragem aos seus homens. No fim da dia, o rei estava morto e seu exército toca em retirada. Levaram o corpo do rei a Samaria, e lá o sepultaram. Quando lavaram o seu carro junto a um açude, cães lamberam o sangue, “segundo a palavra que o Senhor havia dito”, diz o texto (22.38). E só então revela o nome do rei, Acabe (22.39).
Retrospectivamente, o texto agora apresenta Josafá, o rei de Judá que havia embarcado na aventura com Acabe, o rei de Israel. Josafá era filho de Asa, o rei que tinha governado 41 anos, e ele próprio governou por 25 anos (22.41-42). O texto o elogia, dizendo que ele andou em todos os caminhos de seu pai, fazendo o que era reto diante dos olhos do Senhor. E menciona explicitamente que Josafá “viveu em paz com o rei de Israel” (22.45), ponto positivo na narrativa bíblica, que vê a divisão do povo de Deus como nefasta. Entre os feitos de Josafá que são mencionados, um chama especialmente a atenção. Josafá investiu no comércio marítimo, com a ambição de trazer ouro para o seu reino. E o texto diz de um jeito enigmático que o negócio não prosperou, que os navios “quebraram” (22.49) em Eziom Geber, onde ficavam os estaleiros que Salomão havia construído tempos atrás para fortalecer seu comércio internacional e poder receber em Israel, a cada ano, 666 talentos de ouro.
O capítulo termina fazendo uma curta referência ao início do reinado de Acazias, filho de Acabe, em Israel (22.52-54). E diz que ele fez o que era mau diante dos olhos do Senhor, que andou nos caminhos de seu pai, Acabe, nos de sua mãe, Jezabel, e nos caminhos de seu antepassado Jeroboão. Serviu a Baal e o adorou. Com estas notas não muito auspiciosas, termina o Primeiro Livro dos Reis.
Dia 333 – Ano 1