Terminada a campanha contra os filisteus, Saul volta à carga. Com novas informações sobre Davi (1 Samuel 24.1), Saul sai no seu encalço (v.2). Isso agora já virou uma obsessão. O acaso (!) leva Saul a entrar numa caverna para fazer suas necessidades, sem saber que naquela caverna se encontrava Davi e seu bando (v.3). Os homens de Davi logo interpretaram: Deus está entregando Saul na mão de Davi. Davi se aproxima sem ser notado, e corta um pedaço da barra do manto de Saul (v.4), mas pára por aí. Davi respeitava a unção divina de Saul (v.6). E conteve seus homens, deixando Saul ir embora (v.7). Quando havia uma distância segura entre eles, Davi grita para Saul, e faz uma longa defesa pessoal (v.8-15).
Tudo é tão inesperado e surpreendente, que Saul tem uma crise de choro e de remorso (v.16), e faz também ele um discurso de reconhecimento e elogio a Davi (v.17-21). Nele, se confirma o que Jônatas já tinha dito a Davi: “Agora sei com certeza que serás rei, e que em tuas mãos o reino de Israel se firmará” (v.20). Também Saul faz Davi jurar que não exterminaria a sua família (v.21). Davi jura (v.22).
Mas a atitude de Saul não contempla reciprocidade. Ele poderia jurar que pararia de perseguir e querer matar Davi. Mas não o faz. Saul já tinha interiorizado um “direito / costume do rei” como o dos reis das outras nações. Estes têm sempre como missão, acabar com a família dos rivais e possíveis pretendentes ao trono. Saul só conseguia ainda pensar por essa lógica. Que Israel tivesse um direito diferente, não lhe fazia mais sentido.
É sobre esse ponto, mais que qualquer outro, que a narrativa bíblica se concentra. Por enquanto, ela alimenta a esperança de que Davi será diferente. O propósito de Deus, de ter separado Israel e começado um processo pedagógico com este povo, foi que ele aprendesse a perceber os Seus caminhos nos caminhos da humanidade. Caminhos de reconciliação dos antagonismos gerados pela realidade do pecado, e não de criação e exacerbação de novos conflitos.
Dia 253 – Ano 1