Morre Samuel, termina um ciclo na história de Israel. Outro já havia começado, o da monarquia, com seus inícios conturbados, como temos acompanhado nestes capítulos. À notícia da morte de Samuel é logo acrescentada outra: Davi se retira para o deserto de Parã (1 Samuel 25.1), ao sul, uma região não controlada por Saul.
Este capítulo mostra um lado das atividades de Davi e seu bando, que não tinha aparecido até aqui: oferecer proteção em troca de pagamento ou recompensa. Os homens e os rebanhos de Nabal haviam recebido essa proteção, e agora era hora de compensação. Nabal não quer conversa, provavelmente para não se indispor com Saul (v.10).
A reação de Davi foi de quem defende o seu negócio, o que significa seu ganha-pão e o de seus homens e suas famílias. Abigail, a mulher de Nabal, mostra toda a sensatez que este não possui (Nabal significa “tolo”), bem como atitude e iniciativa. Com isso, consegue evitar um massacre que incluiria os seus filhos.
Uma marca de 1 Samuel 25 são as belas falas, cheias de deferência, dizendo mas sempre de um jeito torneado, que em parte diz e em parte deixa implícito. Temos várias: a mensagem de Davi a Nabal (v.6-8); a do servo de Nabal a Abigail (v.14-17); a de Abigail a Davi (v.23-31), a de Davi a Abigail (v.32-34). A descrição da morte de Nabal (v.36-38) também é primorosa; e não menos a do envio dos homens para buscarem Abigail para ser esposa de Davi (v.39-42).
Nesse capítulo aparece um lado de Davi que, pelos nossos padrões, é moralmente questionável, mas que não parece incomodar os narradores. A atividade de Davi parece um pouco com a das máfias, oferecendo proteção em troca de pagamento. O texto bíblico parece ver isso como um meio normal de subsistência e de expressão de poder, e destaca a generosidade e dedicação com que os homens de Davi exerciam suas funções (v.15-16).
Dia 254 – Ano 1