“Os filisteus levaram a arca de Deus” (1 Samuel 5.1), assim começa o trecho de hoje. Também eles pensaram, aparentemente, que podiam controlar a arca e utilizá-la em seu próprio benefício, como fizeram os israelitas. E também eles tinham, agora, uma lição a aprender.
A arca foi levada para o templo do deus Dagom (v.2), padroeiro dos filisteus. Talvez como um reforço para o poder de Dagom, que tinha se mostrado superior na guerra com os israelitas, mas que bem podia contar adicionalmente com a força da arca sagrada, que os filisteus reconheciam, como vimos (4.7-8).
Para surpresa geral, na manhã seguinte a estátua de Dagom estava prostrada diante da arca (5.3). Isso foi imediatamente corrigido. Na manhã seguinte, Dagom não só estava prostrado diante da arca, mas tinha a cabeça e as duas mãos cortadas (v.4).
E não ficou por isso. Os moradores de Asdode “sentiram o peso da mão do Senhor” sobre eles, como diz o narrador no v.6, e como eles próprios admitem no v.7. Sentiram o Seu poder contra eles, como tinham ouvido falar que tinha acontecido aos egípcios. Um tipo de tumor começou a se alastrar rapidamente entre a população. A arca, então, foi levada para outra cidade (v.8). E assim, sucessivamente, as maiores cidades dos filisteus foram sendo tomadas de pragas, causando pânico geral (v.9-12). Nessa situação de calamidade pública, a solução encontrada foi devolver a arca aos israelitas (v.11).
Os capítulos 4 e 5 de 1 Samuel são como que espelhos um para o outro. No capítulo 4 vimos que Deus não quer reter todo o poder e fazer tudo sozinho. No capítulo 5 vimos o outro lado. Também os humanos não podem pretender controlar Deus. Ainda hoje parece que continuamos entre esses dois extremos, o que confere grande atualidade à narrativa bíblica. E o desejo divino permanece, de uma parceria com o ser humano, Sua imagem, visando a reconciliação do universo e o cuidado de Sua criação.
Dia 236 – Ano 1