Samuel já está idoso (1 Samuel 8.1) e passou seu mandato para os filhos. Repete-se com Samuel o que aconteceu com Eli: “seus filhos não andaram em seus caminhos” (v.3). Mais um caso em que o aprendizado de uma geração não foi aproveitado pela outra.
No caso de Eli, Deus mesmo encaminhou a solução (no caso, o chamamento de Samuel). No caso de Samuel, o povo (os anciãos, v.4) se antecipa e imagina ele próprio uma solução: não mais o chamamento de outro sacerdote, mas uma mudança radical. Israel quer ser “como todas as nações” (v.20; cf. v.5). Quer um rei em vez de um sacerdote. Não percebendo a perspectiva divina: Deus é o rei de Israel (v.7).
Da perspectiva do projeto pedagógico de Deus com Seu povo escolhido, um retrocesso. Todos esses anos de caminhada de Deus com Israel tinham sido para ajudar esse povo a aprender a ser diferente dos outros povos, para poder ser para eles o agente da reconciliação de Deus com o mundo. Ou Israel não entendeu o propósito divino, ou cansou. É mais provável que não tenha entendido, porque a sequência da história vai mostrar que os israelitas continuavam se considerando o povo eleito.
Samuel reage com indignação (v.6), mas talvez nisso entre um pouco de descontentamento pelo destino que terão os filhos, ao perderem a sua posição. Os v.7-9 trazem as palavras de Deus a Samuel, e os v.11-18 descrevem o “direito do rei”, que transferirá para o rei direitos que antes eram de todos, e expropriará o povo de um jeito não tão diferente do que o tinham feito os inimigos. Mas o povo não quer saber, e pressiona (v.19-20).
Em termos políticos, começa aqui uma nova etapa na história de Israel. Israel agora quer ser um povo como os outros, quando Deus está tentando fazer dele justamente um povo não igual aos outros. Mas a paciência de Deus é grande (1 Coríntios 13.7). Continuemos, pois, a acompanhar essa história, que tanto se parece com a nossa própria história. Deus denuncia, adverte, mas o mais importante: continua junto!
Dia 239 – Ano 1