A notícia caiu como uma bomba em todo o reino de Judá e entre os fiéis no reino de Israel. A casa de Davi havia sido exterminada. Onde ficaram a promessa e a palavra de Deus? O Deus que havia dito a Davi: “a tua casa e o teu reino ficarão firmes para sempre diante de ti, o teu trono será estabelecido para sempre” (2 Samuel 7.16). O Deus que havia prometido: “Farei durar para sempre a sua descendência”, como lembra o salmista (Salmos 89.29; 89.36). O mesmo salmista clama inconformado: “Onde ficaram os Teus primeiros gestos de amor, com que em Tua fidelidade fizeste juras a Davi?” (Salmos 89.49).
É difícil para nós, hoje, fazer ideia do significado desta notícia que rasgou os corações. Palavras relativas ao exílio babilônico, talvez possam nos ajudar. Para muitos fiéis em Israel a experiência deve ter sido algo como o que relata o profeta Ezequiel. Ele foi levado para junto dos exilados, “e por sete dias assentei-me, estupefato, no meio deles” (Ezequiel 3.15). Algo assim se passou com os amigos de Jó quando foram ao seu encontro depois de receberem a notícia da desgraça que se abateu sobre ele. “Sentaram-se com ele no chão, sete dias e sete noites. E não lhe dirigiram palavra, pois viam como era grande a sua dor” (Jó 2.13).
Nesse momento somos levados pelo texto bíblico aos bastidores, e recebemos informação privilegiada. “Mas Jeoseba, filha do rei Jorão, irmã de Acazias, raptou Joás, filho de Acazias, do meio dos filhos do rei que estavam sendo mortos, e o escondeu de Atalia em um quarto com camas, junto com sua ama. E ele ficou com ela, na casa do Senhor, seis anos. Enquanto isso, Atalia reinava na terra” (2 Reis 11.2-3). Por seis longos anos, os fiéis de Israel tiveram que conviver com a terrível experiência de ver que a promessa de Deus não se havia cumprido. Palavras como as de Josué 23.14 seriam ouvidas em silêncio estupefato como o dos exilados ou o dos amigos de Jó: “nem uma só promessa caiu, de todas as boas palavras que o Senhor, vosso Deus, disse a vocês. Todas se cumpriram para vocês, nem uma só palavra veio a falhar”.
Enquanto nos solidarizamos com os fiéis em sua dor, acompanhamos também o que se passa sem que eles saibam, naquele quarto dentro do Templo onde uma babá cuidava de uma criança. Este menino era um sinal vivo da fidelidade de Deus. A descendência de Davi estava por um fio, por um menino, uma frágil criança. Nunca antes a promessa divina se havia afunilado a tal ponto. E de novo vemos aqui Deus em ação de formas surpreendentes. Como na história de Naamã uma jovem israelita anônima tinha dado o testemunho que levou ao engrandecimento do Deus de Israel em território sírio, também aqui uma jovem anônima dedica anos de sua vida ao cuidado do príncipe herdeiro, longe dos olhares de todos e sob o olhar atento da princesa Jeoseba e também do sumo-sacerdote Joiada, como depois ficamos sabendo.
Dia 352 – Ano 1