2 Reis 11.4 — 12.21
“No sétimo ano”, assim começa o nosso texto (2 Reis 11.4). O sétimo ano depois do quase extermínio da descendência de Davi. O sétimo ano de Atalia, que usurpou o trono e agora reina na terra de Judá. Para fazermos uma ideia melhor do hediondo dessa tragédia, temos que lembrar que Atalia matou seus próprios filhos e netos, sua própria família. No sétimo ano, então, o sacerdote Joiada decide pôr em ação o seu plano. Primeiro ele manda chamar os comandantes da guarda do templo e de um pelotão de elite que era fiel à casa de Davi. “E lhes mostrou o filho do rei” (11.4). Podemos imaginar a emoção daquele momento. Joiada combina então com eles, em detalhes, como farão para mostrar o menino ao povo e sagrá-lo rei.
Tomadas todas as precuções, o plano é posto em prática. Joiada faz sair o rei e o coroa e lhe põe nas mãos “o Testemunho”, provavelmente um livro com os direitos e deveres do rei. “E o sagraram rei e o ungiram” e o aclamaram: “Viva o rei!” (11.12). Percebendo o insólito movimento, Atalia sai para ver e grita que é uma conspiração. Mas a essa altura já poucos a ouvem. Atalia é morta (11.16), e o povo invade o templo de Baal, cujo culto ela incentivava, e o derrubam, destruindo tudo e matando os sacerdotes. Então trouxeram o jovem rei ao palácio e o entronizaram. Joás tinha 7 anos.
Joás “fez o que era reto diante dos olhos do Senhor”, diz o texto, “todo o tempo em que Joiada, o sacerdote, foi seu tutor” (2 Reis 12.2). Quase todo o relato do seu governo trata de sua relação com os sacerdotes e com as reformas no templo. Joás havia dado ordem aos sacerdotes para que o dinheiro das ofertas fosse destinado a reformas no templo. Passado um tempo, nenhuma reforma tinha sido feita. O rei confronta os sacerdotes, que acabam consentindo em não receber mais esse dinheiro, mas também se negam a cuidar das reformas (12.8). A solução, então, foi fazer uma “caixa de coletas” onde o dinheiro era depositado e aí, sob a supervisão do tesoureiro e de um sacerdote, era entregue aos responsáveis pelas obras. Os sacerdotes continuavam a receber o dinheiro das ofertas e sacrifícios (12.16).
Este episódio nos abre uma interessante janela para o dia a dia da administração dos assuntos do templo. Pelo menos desde a ascendência de Joiada como tutor do rei, os sacerdotes estavam diretamente envolvidos com finanças. O texto dá a entender que, pelo menos em parte, isso representava certos privilégios, dos quais eles aparentemente não quiseram abrir mão quando o rei mandou que o dinheiro das coletas fosse destinado às reformas do templo. Já os chefes dos trabalhadores são explicitamente elogiados pelo texto como sendo honestos (12.15).
O capítulo termina contando que os sírios decidiram invadir Judá. E que Joás “raspou o tacho” do tesouro real para que eles desistissem. Por fim, conta que servos de Joás conspiraram contra ele e o mataram. Mas que Amazias, seu filho, assumiu o trono (12.20-21), continuando a dinastia.
Dia 353 – Ano 1