A história dos reis é interrompida mais uma vez para contar uma história de profetas. Deus já havia designado o sucessor de Elias, e este já o vinha acompanhando há algum tempo. Em 2 Reis 2.1 encontramos os dois, Elias e Eliseu, caminhando lado a lado. O relato começa situando o contexto do que se passou naquele dia, o dia em que “o Senhor elevou Elias aos céus, em um vendaval”.
Elias começa dizendo a Eliseu para ficar onde estavam, enquanto ele ia a um outro lugar cumprir uma ordem divina. Eliseu se recusa, e aí já se anuncia o que está para acontecer. Nós hoje não estamos acostumados a esse tipo de procedimento que cercava o dom da profecia. E isso dificulta a nossa compreensão dessa história e desse texto. Três vezes Elias diz a Eliseu que fique enquanto ele vai a outro lugar. E três vezes Eliseu se recusa terminantemente. Duas vezes um grupo de profetas pergunta a Eliseu se ele sabe o que está por acontecer, e ele responde que sim.
Depois disso, a primeira ação tem um simbolismo importante. Os dois estavam em frente ao rio Jordão. Elias toma seu manto e com ele fere as águas, e estas de dividem. “E atravessaram, os dois, no seco” (2.8). Enquanto caminhavam pelo meio das águas, Elias concede a Eliseu um último desejo. “Que uma porção dupla do teu espírito venha sobre mim”, responde Eliseu (2.9). “Se conseguires ver quando eu for levado de ti”, diz Elias (2.10). E então, enquanto eles iam andando e conversando, “olhem só: um carro de fogo, e cavalos de fogo!”, separando-os. “E Elias subiu aos céus, em um vendaval” (2.11).
Elias vinha de uma experiência anterior, também carregada de simbolismo. Ele havia caminhado 40 dias até o Monte Horebe, o lugar onde tempos atrás Deus havia se mostrado ao povo de Israel, na saída do Egito. Na época, Deus havia aparecido de uma forma impactante. E depois havia deixado a Moisés a Instrução, mandamentos pelos quais eles deveriam se guiar dali por diante. Para Elias, mais tarde, Deus se mostra de forma diferente, em uma voz silenciosa que guiaria o profeta dali por diante. A Instrução é aprofundada, novas experiência de Deus estão pela frente. Agora, Elias faz mais uma vez um caminho inverso.
Quarenta anos depois do episódio no Horebe, o Sinai, os israelitas se encontravam em frente à terra que lhes havia sido prometida. O rio Jordão se abriu na frente deles quando os sacerdotes que levavam a arca do Senhor pisaram na água (Josué 3.13), e o povo passou no seco. Os sacerdotes pararam no meio do leito do rio até que todos atravessassem. Agora, Elias e Eliseu fazem o caminho contrário, atravessando de volta o Jordão. No meio do caminho, surge uma carruagem de fogo com cavalos de fogo e arrebata Elias. Eliseu fica com o manto de Elias e, já na outra margem, no poder de Elias fere as águas, que se dividem novamente e o deixam passar de volta à terra de Israel.
Dia 335 – Ano 1