Depois de pedir orientação para a profetisa Hulda, o rei Josias começa a tomar providências em resposta à palavra de Deus. Reúne os anciãos do reino e sobe ao templo com uma comitiva que inclui literalmente toda a população de Judá e Jerusalém (2 Reis 23.1-2). “E leu aos ouvidos deles todas as palavras do Livro da Aliança que havia sido encontrado no templo”.
O livro da Instrução é agora chamado de livro da Aliança, o que indica que não são os nomes o importante, e sim o conteúdo. As disposições da Instrução estão fundamentadas na Aliança. Na aliança de Deus com Abraão, renovada com Isaque e Jacó e depois com todo o povo que saiu do Egito e recebeu no Sinai a Instrução, por mediação de Moisés. A aliança com Abraão, por sua vez, já tinha como objetivo a realização da aliança com toda a humanidade e a vida na terra, dada por mediação de Noé. Aliança que, ela própria, visava confirmar a aliança que Deus faz com a criação toda, “aliança eterna entre Deus e todos os seres viventes de toda carne sobre a terra” (Gênesis 9.16).
Feita a leitura, o rei se põe em pé, e todo o povo com ele, para uma solene aliança diante de Deus, em que todos se comprometem a “seguir o Senhor e guardar Seus mandamentos, Seus testemunhos e Suas determinações de todo o coração e de toda a alma, ratificando em suas vidas as palavras desta aliança escritas neste livro” (23.3).
O que vem a seguir é entendido, no relato, como pôr em prática os termos dessa aliança no momento presente da vida em Judá e Jerusalém. Uma série de medidas são tomadas (23.4-14), tendo a ver com a idolatria desatada que tomara conta do reino de Judá nas últimas décadas. Mesmo que alguns detalhes não nos sejam bem claros, o movimento geral do texto é claro. Todo e qualquer indício de idolatria é sistematicamente removido. Altares e santuários são destruídos e profanados, seus oficiantes são mortos. A lista é grande. E ficamos sabendo aqui que a tendência idolátrica em Judá e Jerusalém já vinha de longe. Inclusive de antes da divisão do reino. Santuários que Salomão havia construído e que tinham se mantido todo esse tempo, são destruídos (23.13).
A ânsia reformadora do rei Josias se estende até Betel e Samaria, região que era, agora, parte de uma província assíria. O relato (23.15-20) rememora acontecimentos do tempo em que o rei Jeroboão havia construído aquele santuário, quando o reino de Israel se separou do reino de Judá. Para a narrativa bíblica, essa região faz parte da terra que Deus havia prometido aos israelitas e da história que esse povo tinha vivido ali. Voltando a Jerusalém, a providência final foi promulgar a celebração da páscoa (23.21-23), que no relato representa a celebração de um “êxodo”, fim de um tempo de servidão e desobediência e início de um novo tempo.
Dia 2 – Ano 2