O elogio ao rei Josias faz parte da avaliação final do seu reino, antes do anúncio da sua morte. Ele suprimiu toda manifestação de servidão a outros deuses e forças espirituais, na sua busca por “ratificar na vida as palavras da Instrução escritas no livro que o sacerdote Hilquias havia encontrado” (2 Reis 23.24). Esta parece ter sido a marca mais saliente do seu reinado. O texto elogia a sinceridade de sua conversão ao Senhor “com todo seu coração, com toda sua alma, com todas as suas energias” (23.25). Nisso ele se torna uma espécie de modelo bíblico.
“Mesmo assim, o Senhor não se converteu de Sua grande indignação para com Judá” (23.26). O fim já estava decretado, só havia sido postergado por um tempo. “E o Senhor disse: Também Judá removerei da minha presença, como removi Israel. Rejeitei esta cidade que eu havia escolhido, Jerusalém; e a casa da qual eu tinha dito: o meu nome estará ali” (23.27).
Naqueles dias, o faraó do Egito se pôs em marcha rumo ao norte, para prestar apoio ao rei da Assíria, que havia sido invadida pelos babilônios. Quando ele e seus exércitos atravessavam a planície costeira, Josias saiu a enfrentá-lo, por razões não explicadas (sequer no texto paralelo de 2 Crônicas 35.20-24, que traz mais detalhes). Josias foi morto, e foi sepultado em Jerusalém (2 Reis 23.29-30). E “o povo da terra” colocou no trono seu filho Jeoacaz.
Jeoacaz “fez o que era mau diante dos olhos do Senhor” (23.32). Reinou só três meses, e foi deposto pelo faraó Neco, que resolveu intervir na política local e se assegurar de que Judá lhe seria subserviente. Colocou no trono Eliaquim, outro filho de Josias, e lhe mudou o nome para Jeoaquim. E estabeleceu um tributo sobre os judaítas (23.33-35). Com isso, um dos últimos elementos de estabilidade em Jerusalém se desfaz. O “povo da terra” já não consegue mais colocar no trono o herdeiro legal. Até então eles tinham tido sucesso nisso, contra tentativas de golpe internas. Agora o poder imperial passa a controlar de forma direta o estado, em Judá.
Também Jeoaquim “fez o que era mau diante dos olhos do Senhor” (23.37). Para termos uma ideia da situação, o texto bíblico diz que naquele tempo “o Senhor enviou” bandos de caldeus, sírios, moabitas, amonitas, contra Judá “para destrui-la, conforme a palavra do Senhor que Ele havia anunciado através dos Seus servos, os profetas” (2 Reis 24.2). “Por causa de todos os pecados de Manassés, e por causa do sangue inocente que ele havia derramado. Encheu Jerusalém de sangue inocente” (24.3-4). Este, então, parece ter sido o ponto sem retorno, as mortes de inocentes perpetradas por um rei de Judá em seu próprio território. E isso “o Senhor não estava disposto a perdoar” (24.5).
Joaquim, filho de Jeoaquim, assumiu o trono quando este morreu, e reinou só por três meses, o suficiente para dele ser dito que “fez o que era mau diante dos olhos do Senhor” (24.9). Nesse tempo, a Babilônia havia se tornado um novo império, depois de derrotar os assírios e os egípcios. Jeoaquim a princípio se submeteu, mas depois de três anos se rebelou (24.1). Nabucodonosor, rei da Babilônia, fez cerco a Jerusalém e forçou o jovem rei Joaquim a se render (24.10-12). Saqueou a cidade e levou cativos todos que de alguma forma eram influentes em Jerusalém e Judá (24.13-16). E colocou no trono o tio de Joaquim, Matanias, mudando-lhe o nome para Zedequias.
Dia 3 – Ano 2