Jorão, rei de Israel, se encontra em Jezreel, no norte, para se curar dos ferimentos que sofreu numa batalha contra os sírios. Acazias, o recém empossado rei de Judá, vai visitá-lo (2 Reis 8.29). Nesse contexto, o profeta Eliseu manda um dos discípulos dos profetas a Ramote Gileade, também no norte mas do outro lado do Jordão, com uma missão: encontrar um homem chamado Jeú, e ungi-lo rei de Israel (2 Reis 9.1-4).
O jovem profeta encontra Jeú numa roda de capitães do exército e pede para falar com ele em particular. Jeú se retira com ele, e o jovem o unge com azeite e lhe dirige uma fala relativamente longa (9.6-10). Deus quer que Jeú cumpra a palavra de juízo que Elias havia anunciado contra Acabe (1 Reis 21.17-26). Como na época Acabe havia se arrependido e feito penitência, o cumprimento da profecia havia sido postergado (21.27-29). Agora Deus o traz sobre Jorão, filho de Acabe. De Jorão o texto já havia dito que ele “fez o que era mau diante dos olhos do Senhor” (2 Reis 3.2).
O profeta se foi, “e Jeú saiu até aonde estavam os servos do seu senhor”, diz o texto. Quando o indagaram, primeiro ele desconversou. Eles insistiram, e Jeú cedeu: “Assim e assim ele me falou. E disse: Assim diz o Senhor: Eu te ungi rei de Israel”. A reação dos companheiros foi afirmativa. Estenderam seus mantos sob os pés de Jeú, fizeram tocar a trombeta e proclamaram: “Jeú reina!” (9.11-13). A partir dali, os eventos vão se sucedendo rapidamente. O movimento se tornou uma conspiração (9.14). E Jeú põe sua tropa a caminho de Jezreel, onde Jorão se encontra. Estando eles perto da cidade, guardas dão o alerta e cavaleiros são mandados para ver o que está se passando, mas são cooptados pelas forças que aderiram a Jeú. O próprio rei, então, sai ao encontro de Jeú. Um ríspido diálogo leva o rei a tentar fugir, mas Jeú o fere com uma flecha certeira.
Em seguida, Jeú mata Acazias, rei de Judá, que estava visitando Jorão. E aqui começa um problema. A profecia tinha a ver só com Acabe e sua família. Mas Jeú se mostra sanguinário e vai muito além da incumbência que lhe havia sido dada. O que segue é um banho de sangue de proporções trágicas. Além de exterminar a família de Acabe, Jeú matou também “os seus homens importantes, os seus conhecidos e os seus sacerdotes” (2 Reis 10.11). E aproveitou para matar parentes de Acazias, rei de Judá, que encontrou pelo caminho (10.12-14). Mandou matar todos os sacerdotes e adoradores de Baal, e destruiu o seu templo (10.18-28).
Por isso, e por ter cumprido as profecias contra Acabe, Jeú é elogiado pelo texto (10.30). Que, no entanto, denuncia que Jeú foi, ele próprio, um idólatra, adorando os bezerros de ouro que Jeroboão tinha mandado fazer. Que Jeú não se preocupou em andar conforme a Instrução divina, e não se apartou dos pecados de Jeroboão (10.31). Jeú reinou em Israel por 28 anos. E o texto termina com uma nota pouco auspiciosa: “Naqueles dias o Senhor começou a reduzir o território de Israel” (10.32).
Dia 350 – Ano 1