O trecho começa com a frase “Depois disso…” (2 Samuel 13.1). Agora começa uma sequência de histórias da família de Davi que mostram consequências do crime que ele cometeu. Ele vai sentir na própria carne o que fez outros sentirem na deles.
Uma das filhas de Davi, Tamar, se torna objeto do desejo de Amnom, seu irmão por parte de pai (lembrando que o rei tinha várias mulheres). O texto diz que Amnom “se apaixonou” por Tamar (v.1), tanto que já não conseguia pensar em outra coisa. Na sequência fica claro que é uma paixão doentia. A história diz que Amnom ficou doente (v.6), na verdade ele se fez de doente para atrair a irmã para a sua casa e abusar dela. No fundo ele estava mesmo doente.
Usando a doença por pretexto, Amnom pede ao pai que peça a Tamar que ela venha à sua casa e lhe faça umas bolachas que, pelo jeito, ela fazia muito bem (v.6). Ela acata, vem à casa dele, assa as bolachas (v.8-9). Ele a convence de que está fraco demais para levantar, e lhe pede que traga as bolachas ao quarto e o sirva (v.10). E aí abusa dela (v.11-14). Depois de abusar dela, seus sentimentos se invertem radicalmente (v.15). Tanto que a expulsa da casa, sem dó nem piedade (v.15-18). Tamar se vai, caminhando com gestos e lamentação típicos do luto (v.19), e se refugia na casa do irmão Absalão (v.20).
Davi, ao saber da história, se indigna (v.21) mas fica sem ação, pois percebe que são efeitos indiretos de suas próprias paixões incontidas e suas consequências. Absalão se cala. Mas guarda no coração um ódio que ficará esperando a hora de se manifestar (v.22).
Uma história triste. A Bíblia não deixa de contá-las, pois fazem parte da história de nós todos. Estão aí para servir de espelho, para nos mostrar possibilidades que se encontram também dentro de nós. O espelho é para que aprendamos a nos enxergar. Para que fiquemos apreensivos conosco próprios. E para que levemos a Deus nossos sentimentos de fraqueza e lhe peçamos a Sua força, para que a espiral do mal seja revertida. Que as energias em nós que alimentam a espiral do mal, passem a alimentar uma espiral de bondade e generosidade. Que relações de uso sejam substituídas por relações de amor e serviço.
Dia 270 – Ano 1