Relações humanas tensas, oportunismo. Desafetos aproveitando o momento. O próprio filho querendo matá-lo. O declínio de Davi parece estar em queda livre. O primeiro a ir ao seu encontro, mal sua comitiva saiu de Jerusalém, foi Ziba, o servo de Saul e depois servo de Mefibosete, remanescente da família do antigo rei (2 Samuel 16.1-4). Sem que Davi tenha condições de perceber isso na hora, Ziba está sendo oportunista (cf. 19.24-30).
Depois outro benjaminita, Simei, atira pedras em Davi e o amaldiçoa (16.5-14). Para Simei, Davi tinha usurpado o reino e era culpado pela morte da família de Saul (v.8). A reação de Davi, nesse momento, é de humilhar-se. Sua fala tem lógica: se meu próprio filho está tentando me matar, não admira que um benjaminita (a tribo de Saul) me amaldiçoe (v.11). Sua esperança é que Deus transforme maldição em bênção (v.12). Na perspectiva do texto bíblico, temos aqui uma atitude que mais adiante Paulo, seguindo o exemplo de Jesus, radicalizará e recomendará como princípio cristão: “abençoem os que os perseguem” (Romanos 12.14).
A parte final do trecho de hoje passa da comitiva de Davi em fuga, para os acontecimentos em Jerusalém (v.15). Absalão e os que o apoiam já haviam tomado conta da cidade, e agora tentam decidir o que fazer. Nesse momento, uma das medidas tomadas por Davi começa a dar resultado: seu conselheiro Husai consegue ser aceito na corte de Absalão (v.16-19). Ele terá um papel importante no rumo dos acontecimentos.
Um dos primeiros atos de Absalão é “mostrar quem manda agora”. Naquele tempo, havia várias maneiras de deixar isso claro. Uma delas é narrada aqui (v.20-23). Davi havia deixado dez de suas concubinas (esposas secundárias) para tomarem conta da casa (2 Samuel 15.16). O pessoal de Absalão monta uma tenda no terraço da casa de Davi, e ali Absalão tem relações com as mulheres de seu pai, diante de todo o povo.
Quem lê esses textos hoje pode se perguntar: E onde entra Deus nisso tudo? Sua ausência da narrativa não significa Sua ausência da história. Esse continua sendo o Seu povo.
Dia 274 – Ano 1