No fim do capítulo anterior, pudemos ver como Davi tinha apoios que foram decisivos para que ele pudesse sair com vida da revolta comandada por seu filho Absalão. Hoje vemos como, mais descansados e tendo tido um tempo para recompor as ideias, Davi e seus homens começam a se organizar para se defender. O pequeno exército é dividido em três pelotões, confiados a comandantes experientes (v.2).
Uma semente de nova crise, dessa vez interna, se desenha. Aos ouvidos de todo o povo, Davi ordena aos seus comandantes que tratem Absalão com brandura (v.5). A batalha se decide em favor dos homens de Davi. O exército de Absalão é posto em fuga. A floresta parece colaborar com o exército de Davi (v.8). E é ela que prende Absalão (v.9). Contrariando as ordens de Davi, Joabe mata Absalão, que nesse momento está indefeso (v.14). E assim termina a história de Absalão, um personagem complexo, como complexa é a vida humana. Como também o texto bíblico a mostra.
A crise atinge um pico quando mensageiros levam as notícias a Davi e ele se comporta como quem desconsidera tudo que passou e se fixa na lamentação pelo filho morto (v.32-33). Possivelmente afloram aqui sentimentos pessoais de culpa, pela forma como ele permitiu que sua família se esfacelasse, como temos visto.
Termina, assim, um dos episódios mais complicados do reinado de Davi. Ele trouxe à superfície elementos de instabilidade, de vulnerabilidade que a tradição, mais tarde, tenderá a ir esquecendo, quanto mais o tempo vai passando. Os textos bíblicos acompanharão essa tendência à idealização da figura e do reinado de Davi, como acompanham também suas fraquezas e seus pecados. E é justamente assim que os textos bíblicos se mostram divinos, ao não esconder o humano com suas contradições. Antes o abraçam carinhosamente, reiterando sempre de novo a decisão de Deus de fazer Sua história com esse povo, com essa humanidade.
Dia 276 – Ano 1