A divisão no povo de Deus, de que temos falado, tem aqui uma primeira manifestação concreta. Insatisfeitos, os “homens de Israel” separam-se de Davi e seguem um tal de Seba. Só os “homens de Judá” ficam com Davi (v.2). Chegando em Jerusalém, Davi imediatamente toma providências (v.4). Seu plano, de tirar Joabe do comando do exército, acaba frustrado por ação rápida do próprio Joabe, que mata o sucessor indicado, Amasa (v.4-13). Assim Joabe reassume suas funções, sem que o próprio rei soubesse do fato.
A tropa segue no encalço de Seba, que entrementes não tinha tido toda a adesão com que estava contando ao se rebelar contra Davi (v.14). Finalmente ele é pego, quando Joabe e sua tropa cercam a cidade onde ele se encontra. Uma mulher, elogiada como sábia, evita que sua cidade seja destruída e entrega a Joabe a cabeça de Seba (v.15-22).
Os habitantes da cidade dessa mulher, e o próprio Joabe, a trataram com bem mais deferimento do que Davi havia feito com suas concubinas, que Absalão havia violentado publicamente (v.3). Davi tinha deixado dez de suas mulheres para cuidarem de suas coisas, quando foi obrigado a fugir de Absalão (2 Samuel 16.20-22). Ao voltar para Jerusalém, ele as separou numa ala reservada do harém, e ali elas ficarão pelo resto de suas vidas, sem poder sair, como “viúvas de um vivo” (2 Samuel 20.3).
Pode-se pensar em “razões de estado” que tivessem levado o rei a ter essa atitude, mas o próprio narrador faz soar uma nota de desconforto com a situação. Essas mulheres arriscaram a vida para cuidar da casa e das coisas do rei, foram violentadas e expostas publicamente, e como recompensa acabaram confinadas pelo resto da vida, sem liberdade, sem marido, sem família.
Duas coisas podem ser destacadas aqui: a continuação da “ladeira abaixo” que foram os últimos anos de Davi, e que o texto bíblico não faz questão de esconder; e a solidariedade da narrativa para com as mulheres, um reflexo do coração de Deus que o texto deixa transparecer.
Dia 279 – Ano 1