2 Samuel 10 volta à política externa de Davi. Tudo começa com um fato do cotidiano. Um rei morre (v.1), o rei de um país vizinho lhe envia emissários para lhe dar os pêsames (v.2). Acontece que um dos reis é Davi, o herói do momento, em vertiginosa ascenção, conquistando tudo de norte a sul. O que morreu é Naás, o amonita, o primeiro rei derrotado por Saul (1 Samuel 11). Davi diz que havia um pacto de lealdade entre ele e Naás, que ele quer honrar e se possível estender ao filho.
No capítulo anterior vimos que a razão para a atitude de Davi, de cuidar do filho de Jônatas, é o pacto de lealdade que ele tinha com o pai. Davi honra esse pacto. A palavra hebraica hésed (“amor”, “lealdade”), é muito usada para descrever a relação do próprio Deus com Seu povo. Quando Davi diz que mostraria “lealdade de Deus” (2 Samuel 8.3) para com o filho de Jônatas, isso remete ao cuidado amoroso de Deus pela humanidade, e ao desafio de sermos agentes desse cuidado.
Na esfera política, hésed indica um “pacto de lealdade” feito e mantido entre países ou governantes, tornando-os aliados. Isso implicava em responsabilidades de ambas as partes. O problema no trecho de hoje é que o novo rei dos amonitas não se sentia obrigado pelo pacto feito pelo pai. Mais forte nele era o medo de que Davi fizesse com os amonitas o que estava fazendo com todo mundo. Isso nos dá uma perspectiva para entender essa história, que termina em desastre para os amonitas.
A atitude de Hanum, o novo rei, para com os emissários de Davi (v.4), foi um desafio ostensivo. Os israelitas reagiram de acordo, e a guerra estava declarada. O restante do capítulo conta como tudo se deu, e como o exército de Davi saiu vitorioso mais uma vez. Uma curta notícia no v.19 mostra que o reino de Davi ia aos poucos se tornando um pequeno império. No fluir da narrativa bíblica, essa notícia vem carregada de ambiguidade, pelos perigos que ela traz consigo. Disso falarão os próximos capítulos.
Dia 267 – Ano 1