2 Samuel 14 acompanha Absalão, depois que ele fugiu após o assassinato de seu irmão Amnom (cf. 13.37-39). O foco é o mal-estar que se introduziu na família de Davi, e também a sucessão ao trono, embora o assunto não seja explicitamente mencionado. Absalão é, agora, o primeiro na linha de sucessão, mesmo estando no exílio. E conta com o apoio de Joabe, comandante do exército. Joabe cria uma cena em que faz uma mulher mostrar a Davi que ele está sendo injusto ao não permitir que Absalão volte a Jerusalém (2 Samuel 14.2-20).
Davi convoca Joabe e lhe pede que traga Absalão de volta, o que Joabe faz de imediato (v.21-23). Davi, porém, impõe uma condição: que seu filho não venha à sua presença (v.24). Na sequência do texto, Absalão é celebrado por seus dotes físicos (v.25-27). Com isso o texto mostra que ele possui atributos de um rei. Dois anos depois, cansado da situação, Absalão exige de Joabe que convença o rei a recebê-lo (v.28-32). Davi recebe Absalão e o beija (v.33), deixando-nos na expectativa de um final um pouco mais feliz do que o desenrolar dos acontecimentos até aqui.
Esse capítulo ilustra a tensão que se introduziu, ou se ampliou, na história dos israelitas, com a passagem ao regime monárquico. As histórias da unção de Saul e de Davi mostram que escolher o rei seria prerrogativa divina. Com Davi, porém, tem início uma dinastia, sancionada pelo próprio Deus ao prometer a Davi que seus descendentes herdarão seu trono (cf. 2 Samuel 7). A pergunta que fica é qual dos muitos filhos do rei será o escolhido. E aí é que se instala o conflito. As monarquias têm, normalmente, uma linha de sucessão que determina que o filho mais velho seja o futuro rei. É esse princípio que está sendo observado aqui, na história da sucessão de Davi.
Impressiona a paciência de Deus em meio a isso tudo. Como ele permite e respeita os movimentos humanos, e em meio a eles leva adiante o Seu projeto de um povo que seja instrumento de bênção e reconciliação.
Dia 272 – Ano 1