O capítulo começa com uma notícia que reforça as impressões deixadas nos capítulos anteriores: “E a guerra entre a casa de Saul e a casa de Davi foi longa” (2 Samuel 3.1). A tendência continua a mesma: “Davi ia se empoderando, e a casa de Saul se enfraquecendo”.
A seguir vem uma lista dos filhos de Davi nessa nova fase de sua vida (v.2-5). A lista é importante especialmente por apresentar a linha de sucessão de Davi, dizendo explicitamente quem é o primeiro, o segundo e até o sexto. Como ainda veremos, muitos problemas surgirão até que o herdeiro do trono seja definido, futuramente.
Depois o relato transfere a atenção para a casa de Saul. Abner, o comandante do exército, tomou para si uma das concubinas de Saul (v.7). A indignação de Is-Bosete se justifica porque, naquela época, isso era um gesto político, de pretensão ao poder. Abner se indigna, por sua vez (v.8) e quebra os pratos (v.9-11). Manda mensageiros a Davi, propondo colocar todo Israel sob a autoridade de Davi (v.12-13). Davi coloca uma condição: quer Mical, filha de Saul que ele tinha recebido como esposa e que, entrementes, Saul tinha dado a outro homem (v.13). Mulheres, nesse contexto, eram importante meio de troca e de acordos políticos.
Abner articula um acordo com os anciãos de Israel e com Davi, para que o reino todo passe a Davi (v.17-21). Só que ninguém contava com a interferência de Joabe, comandante das forças de Davi, que mata Abner por este ter matado seu irmão Asael. O texto deixa claro que isso tinha sido “em combate” (v.30), e que por isso a vingança não é permitida. O texto se preocupa, também, em mostrar a inocência de Davi nesse episódio (v.28, 37, 39). Davi sente que quem controla o exército tem mais poder que ele, que é rei (v.39).
Intrigas, rivalidades, ódios, assassinatos, abuso de poder, uso de mulheres como meios de alcançar ou manter o poder. Esse é o quadro de Israel que temos diante de nós. Difícil perceber os caminhos de Deus em meio a isso tudo.
Dia 261 – Ano 1