Depois de exortar ao amor e à obediência a Deus, Deuteronômio 11 terminou nos colocando diante de uma encruzilhada, convidando-nos a escolher o caminho a seguir e mostrando quais seriam as consequências de um e de outro: bênção, maldição (11.26-28). E começou a falar da vida na terra para a qual os israelitas estavam se preparando para ir; e da importância de, lá, observar as orientações divinas (11.31-32).
Deuteronômio 12, aparentemente, muda de assunto e põe o foco em questões do cotidiano. Mas não é mudança de assunto, é concretização. As principais questões deste capítulo são: primeiro, uma certa organização do culto a Deus (12.1-14). No fundo o que temos aqui não é coisa muito diferente do que o que levou, futuramente, o apóstolo Paulo a escrever o trecho de 1Coríntios 14.26-40. A questão a ser evitada é que cada um faça o que bem entende (Deuteronômio 12.8). O resultado não seria paz, mas confusão (cf. 1Coríntios 14.33).
A segunda questão é continuação da primeira (Deuteronômio 12.15-32). Deus não quer que o culto a Ele seja uma renúncia ao prazer de viver. Pelo contrário. As festas religiosas e os rituais, no antigo Israel, tinham como objetivo maior a renovação do compromisso mútuo entre Deus e o povo, que resultava em paz e integridade (shalom). Isso é bem expresso em 12.12: “e vocês se alegrarão diante do Senhor”, toda a família reunida e mais os servos e os levitas, numa grande festa.
O princípio, existente entre muitos povos da antiguidade, é que a carne que seria comida era sacrificada aos deuses. Também em Israel era assim, como determina a primeira parte do capítulo, focada na centralização dos sacrifícios “no lugar que Deus escolheria para isso” (v.5), e que veio a ser Jerusalém. Mas a segunda parte começa (v.15) dizendo que, em Israel, esse princípio não impedia que as pessoas comessem carne quando desejassem, em suas próprias cidades. Importante era a alegria em Deus e o espírito solidário entre eles.
Dia 163 – Ano 1