Moisés continua repassando, em discursos ao povo, temas considerados importantes e que são parte da Instrução divina. Para nós que lemos esses textos hoje, desde uma considerável distância temporal, geográfica e cultural, algumas dessas questões não parecem tão relevantes.
Mas é nisso, entre outras coisas, que a Instrução se revela como sendo também para nós. Também nós hoje estamos num processo de ser educados por Deus numa vida em que as relações mais fundamentais (com Deus, conosco mesmos, com o próximo, com a natureza) estão sendo transformadas.
O exercício de sair de si e prestar atenção no outro, de tentar entender o outro dentro de seus próprios pressupostos e de sua própria situação, é altamente pedagógico. Sem percebermos, quando lemos assim os textos bíblicos estamos realizando em nossos corpos e mentes aquilo que esses textos querem alcançar, numa dimensão de profundidade. Às vezes o assunto nem é tão importante, importante é aprendermos a ouvir e a conversar, com amor e respeito!
Deuteronômio 21 traz orientações acerca de questões que podiam ser fonte de considerável tensão e enfrentamentos. Encontrar um morto na rua, para nós talvez não tivesse nada de mais (!). Os israelitas, porém, sabiam que sangue inocente derramado sobre a terra contaminava a terra e tudo que sobre ela havia. Por isso as providências a esse respeito, para que a harmonia retornasse ao ecossistema (21.1-9). Mulheres tomadas na guerra (21.10-14), relações entre filhos de mulheres diferentes, quando uma era mais valorizada que a outra (21.15-17), filhos que só traziam desgosto aos pais (21.18-21), tudo isso fazia parte de um cotidiano que se precisava aprender a administrar.
O começo e o fim do capítulo falam do cuidado para com os mortos. O v.23 será lido pelo apóstolo Paulo (Gálatas 3.13) como se aplicando ao Cristo crucificado. É Deus mostrando onde está o Seu foco no meio desse cotidiano e destas regulamentações.
Dia 171 – Ano 1