Moisés continua repassando questões e problemas do cotidiano dos israelitas à luz dos princípios do direito e da justiça que a Instrução vem propondo.
Quando alguém encontra um animal extraviado, está diante de uma decisão que pode ser pequena, em termos imediatos. Que fazer? Jesus, em várias ocasiões, deu a entender que é ali que se decide, em última instância, o caráter ético de uma pessoa (cf. a parábola dos talentos, Mateus 25.14-30: fiel no pouco, fiel no muito). A Instrução diz: não seja indiferente, recolha o extraviado e guarde-o para o seu dono (Deuteronômio 22.1-4). Há muito mais neste princípio ético do que o que aparece na superfície.
Os v.5-12 trazem prescrições sobre questões pontuais do cotidiano. Sempre transparece a busca de uma vida em harmonia com o próximo e com a natureza, e que tem seu fundamento maior na harmonia com Deus.
Os v.13-30 discutem uma questão que não era banal para os israelitas, como não pode ser banal para nós hoje. Respeitada a distância entre a realidade de que fala esse texto e a nossa, o tema é o da violência contra mulheres. Mesmo se tratando de uma sociedade patriarcal, os homens não podiam fazer com as mulheres o que bem quisessem. A lei, decididamente, se colocava ao lado delas, tanto das casadas como das prometidas em noivado (uma dessas duas seria, geralmente, a condição das mulheres, desde meninas).
Quando a gente reflete sobre esses textos jurídicos do antigo Israel, tentando perceber os movimentos subterrâneos que os animam e lhes dão seu sentido profundo, vai se perfilando sempre de novo uma imagem com dois lados. Por um lado, há uma busca por uma sociedade igualitária, em termos do valor de cada pessoa, onde cada ser humano deveria valer tanto quanto cada outro ser humano. Por outro lado, uma busca por um direito orientado por justiça, para sempre de novo coibir e corrigir o que desvia de uma sociedade assim.
Dia 172 – Ano 1