A questão do divórcio, portanto, não é questão última. Ela espelha a dureza de coração das pessoas envolvidas. Esse sim, é o problema último. Quando os humanos voltarem a ter um coração como o de Deus, nele tudo vai estar unido pela força do amor. O amor será a força da união entre homem e mulher.
Jesus não vem com uma nova lei. Ele chama a atenção às questões de fundo. “A lei foi dada através de Moisés. O amor e a verdade, através de Jesus” (João 1.15). Isso não desmerece Moisés, pelo contrário. No monte da Transfiguração (Marcos 9.1-4), Moisés e Elias se mostram em profunda parceria com Jesus.
Jesus quer reconduzir as pessoas à fonte. Quando o nosso coração voltar a bater junto com o de Deus, questões como a do divórcio, nos termos com que é tratada aqui em Deuteronômio 24, se mostrarão relativas, periféricas. A questão à qual Jesus chama a atenção é que há nas leis e por trás delas um propósito e uma diretiva maior. E é a estes que precisamos ficar atentos quando lemos os textos bíblicos. A Instrução é mais ampla e mais profunda que a letra dos textos em que ela se encontra.
Bem percebida, a palavra de Jesus se aplica ao conjunto do nosso entendimento do mundo e das relações nele. E também ao modo como lemos a Bíblia. A Bíblia reflete bem a condição da humanidade e do mundo, aos quais quer servir. Por isso ela deve refletir também a fragmentação, as rupturas, as separações que marcam esse mundo e essa humanidade por causa do pecado que os pervade. O milagroso, o encantador na Bíblia é que dentro disso ela espelha também o coração e a mente de Deus, onde o separado é unido na força do amor. E o faz do jeito do próprio Deus, amorosamente, pacientemente, como pais tentam educar seus filhos.
Dia 175 – Ano 1