À medida em que os discursos vão indo para o fim, e que se aproxima a hora da travessia do Jordão e da conquista da terra, o texto bíblico vai ganhando solenidade. A atmosfera é de seriedade, por tudo que está envolvido. Quem fala agora é “Moisés e os anciãos de Israel” (Deuteronômio 27.1), “Moisés, juntamente com os sacerdotes levitas” (27.9). A tônica do discurso, repetida com variações, é: “obedeça a Deus, siga os mandamentos e as prescrições” (v.10).
Para reforçar a percepção das alternativas à frente, é prescrito um ritual, que o povo performará quando tiver entrado na terra prometida. Representantes de uma parte das tribos subirão em um morro, o do Gerizim, e representantes das outras tribos subirão em outro morro, o do Ebal. Uns abençoarão, os outros amaldiçoarão (v.12-13). Os levitas (v.14), então, recitarão as bênçãos que resultarão da obediência, e as maldições que seguirão a desobediência.
Primeiro vem a lista das maldições (27.15-26). Depois, a lista das bênçãos (28.1-14). Chama a atenção que o sujeito ativo, no que leva às maldições, é o ser humano, fazendo coisas que perturbam as relações humanas e ameaçam introduzir o caos. A maldição é como que decorrente, como que atraída pela própria qualidade das ações praticadas. O princípio está explicitado em Gálatas 6.7: “colhe-se o que se semeia”.
Já a bênção tem o Senhor como sujeito. Esta é a Sua “obra própria”, própria de Sua pessoa e de Seu caráter. A maldição, a destruição, são Sua obra como “obra estranha” (Isaías 28.21), como reação ao pecado que ameaça a Sua boa criação. Quanto a nós, precisamos aprender que a obediência a que somos chamados não é uma imposição externa, de algo que seria estranho e contrário à nossa natureza. É reencontrar o caminho que nos leva de volta ao nosso mais próprio, à harmonia com Deus, conosco mesmos, com as outras pessoas e com a natureza. É obediência que leva à liberdade.
Dia 177 – Ano 1