“Até aqui nos ajudou o Senhor” (1 Samuel 7:12). Assim poderíamos resumir a primeira parte (Deuteronômio 29.2-8) do discurso de Moisés aos israelitas neste capítulo. Será que os israelitas diriam isso, de coração, naquele momento? Chegar a isso, é o propósito divino ao empreender essa caminhada com esse povo. As pessoas, porém, demoram para ter “um coração que entenda, olhos que vejam, ouvidos que ouçam” (v.4).
É por isso que essa caminhada de Deus com esse povo se tornou narrativa, contada e recontada nos lugares em que as pessoas se reuniam. É por isso que essa narrativa se tornou texto escrito, que pudesse ser lido e meditado sempre de novo. É por isso que essa narrativa está recheada de instruções e orientações de Deus ao Seu povo: para que as pessoas aprendam a tirar o foco do coração, olhos e ouvidos de si próprias, percebendo, vendo e ouvindo somente aquilo que lhes interessa e lhes traz proveito imediato.
Ao colocar o coração em Deus, ao escutar o que Ele tem a dizer, ao aprender a ver a realidade com Seus olhos, a pessoa vai sendo libertada da escravidão a si própria. Vai aprendendo a ver os outros. E, por esse caminho, acaba chegando de volta a si própria, mas agora como livre, abraçando e sendo abraçada.
O restante do trecho de hoje contém mais advertências sobre os riscos que se corre deixando de ouvir a voz de Deus, deixando de se associar a este caminho de liberdade. De Deus conhecemos bem pouco. O que Ele nos revela, é o que temos capacidade para apreender. Mas o que Ele reservou para Si próprio deve ser deixado a Ele (v.29). Nós, temos aquilo que Ele nos quis revelar. Esse é o nosso tesouro, que queremos cultivar e preservar para as gerações futuras (v.29). O curioso é que às vezes fazemos o contrário. Queremos, quase obsessivamente, saber o que não nos compete, e deixamos de saber bem aquilo que nos compete.
Dia 179 – Ano 1