No amor a Deus, e no amor ao próximo como a si mesmo, estão pendurados toda a Torá e os Profetas, disse Jesus (Mateus 22.40). É esta palavra sobre este amor que abre o sentido mais profundo e permanente dos textos bíblicos. É importante ter isso sempre em mente, quando detalhes ou aspectos dos textos que lemos na Bíblia parecem difíceis ou mesmo problemáticos.
Deuteronômio 7 insiste nisso. As precauções em relação aos outros povos (7.1-2) têm como objetivo, aqui, assegurar a separação necessária para o aprendizado da justiça e da reconciliação. “O Senhor teu Deus te escolheu para que fosses o Seu povo próprio, dentre todos os povos que há na terra” (Deuteronômio 7.6).
Israel foi escolhido, não por ser de alguma forma especial (7.7), mas por ter sido especialmente amado (7.8). A libertação desse povo do Egito, e toda a história que a segue, é fruto desse amor de Deus. “Por amar a vocês e por manter o juramento feito aos pais” (7.8), a promessa feita por Deus a Abraão, de que nele seriam abençoados todos os povos da terra (Gênesis 12.3). Promessa mantida depois para cada nova geração de descendentes de Abraão, até esse grande povo nas margens do rio Jordão, pronto para entrar na terra prometida. O amor de Deus por este povo é parte do Seu amor por toda a humanidade e por toda a Sua criação.
“O amor do Senhor enche a terra”, diz um salmista (Salmos 33.5). “O amor de Deus, todos os dias”, faz eco outro salmista (Salmos 52.3).
E é este amor que Deus quer que Seu povo aprenda. Para isso Deus o tirou da servidão no Egito, e para isso tira a todos nós de nossas próprias servidões, talvez disfarçadas de liberdade. Amor que educa para a liberdade que se importa com a liberdade dos outros, e que por isso mesmo precisa aprender a construir formas de sociedade e de relações entre sociedades que expressem e assegurem essa liberdade doada por Deus. Que expressem e assegurem para todos esse amor de Deus que todos os dias enche a terra toda.
Dia 158 – Ano 1