As leis de Êxodo 21 falavam sobre o tratamento dos escravos (21.1-11). Naquela época dificilmente alguém pensaria em abolição da escravatura. No contexto se fala sobre vários tipos de violência na sociedade (21.12-36). Cercear a violência é importante para o espírito dessas leis, também as referentes à escravidão. O trecho de hoje trata de questões ligadas à propriedade (22.1-15) e de uma série de questões do cotidiano, tanto civis como religiosas (22.16-31). Temos que lembrar que não havia uma separação entre o civil e o religioso como a temos hoje em nossa sociedade.
Aqui aparecem algumas leis que precisam ser entendidas dentro da visão de mundo da época. Feiticeiras (v.18), relações sexuais com animais (v.19), devoção a outros deuses (v.20), são perigosas porque representam a transgressão do ordenamento do mundo. A criação divina é permanentemente ameaçada pelo caos da qual ela surgiu (Gênesis 1.2), como no dilúvio. O mar agitado, com suas ondas e a maré, era visto como exemplo, sempre querendo ultrapassar seus limites e cobrir a terra, revertendo o processo da criação (Gênesis 1.9-10). As práticas aqui condenadas representavam misturar ordens distintas, revertendo a boa ordem da criação e propiciando a introdução do caos que a destruiria. E isso devia ser evitado. Não se podia permitir que atos de indivíduos ameaçassem a existência da sociedade toda.
Também podemos observar como Deus tem um cuidado bem especial com aqueles que ficaram para trás no ordenamento social: o estrangeiro, a viúva, o órfão, o pobre (22.21-27). O longo tempo no Egito, e a opressão pela qual passaram, se revela como pedagógico: vocês sabem na própria carne o que é ter ficado para trás! Isso devia gerar compaixão e um cuidado por quem se encontra nessas condições.
Dia 75 – Ano 1