Um detalhe chama a atenção no capítulo anterior: um jogo de empurra-empurra entre Deus e Moisés. Irado, Deus diz a Moisés: “o teu povo, que fizeste sair do Egito, se corrompeu” (Êxodo 32.7). E chega a propor um basta: acabar com este povo e recomeçar só com os descendentes de Moisés (32.10). Moisés é que, gentilmente, pede a Deus que lembre “de Abraão, de Isaque e de Jacó” (32.13) e que não esquecesse de que eles estão falando “do teu povo, que tiraste da terra do Egito” (32.11).
Isso continua no capítulo 33. Parece que tanto Deus como Moisés já não suportam a carga que este povo representa. “Vai, tu e teu povo que tiraste da terra do Egito”, diz Deus a Moisés (Êxodo 33.1). Respondendo a Deus mais adiante, Moisés diz duas vezes “eu e o teu povo” (33.16).
Fica decidido, então, que Moisés conduzirá o povo, e que a presença de Deus irá com eles (Êxodo 33.14). Moisés quer saber melhor como se dará esta Presença (v.12,16) e pede a Deus que lhe mostre a Sua glória (v.18). Deus concorda em fazer passar diante de Moisés a Sua glória (v.22; a Sua bondade, v.19), e lhe anunciar o Seu nome (v.19).
Fora do acampamento (cf. Hebreus 13.10-13) havia uma tenda, na qual Deus falava com Moisés “face a face” (Êxodo 33.11), envolto na nuvem (33.9-10). Agora, Moisés verá Sua glória (33.18-23). Quando Deus passa diante de Moisés, não é Sua face que Moisés vê. Ninguém pode ver Sua face (v.20). O que Moisés pode ver de Deus são Suas costas (v.23). Jesus revelará o rosto de Deus (João 1.18). Mas para podermos reconhecê-Lo nossos olhos têm que se abrir (Lucas 24.31), revertendo o que se passou com Adão e Eva no paraíso (Gênesis 3.7). Mesmo assim, a luz da glória em Jesus (João 1.14; Mateus 17.2) será sempre acompanhada pela escuridão da cruz (Mateus 27.45). Por isso Paulo admitirá que “vemos obscuramente”, mas que um dia O veremos “face a face” (1 Coríntios 13.12; cf. Apocalipse 22.4).
Dia 86 – Ano 1