Em Harã, depois da morte de Terá, Deus fala com Abrão e diz para ele seguir a viagem interrompida. Gênesis 12.1-3 está entre os textos mais importantes da Bíblia. Neles Deus promete três coisas a Abrão: um lote de terra, filhos e um papel importante na história espiritual da humanidade (ser uma bênção para todas as famílias da terra). Em certo sentido, toda a narrativa bíblica gira em torno desta promessa e de seu cumprimento.
Nesse ponto da narrativa bíblica estamos diante de uma importante encruzilhada. A promessa de Deus pode ser interpretada como exclusiva: se aplica a Abrão e exclui os outros. Ou pode ser interpretada como representativa: Abrão é chamado para assegurar que no futuro todos tenham acesso à promessa. A falta de clareza nesse ponto tem levado sempre de novo o povo de Deus a excluir outros, não percebendo que o povo de Deus é chamado como representante da humanidade, para garantir que a humanidade toda venha a ser herdeira da promessa.
O capítulo 12 está dividido em duas partes. Na primeira parte (12.1-9), há uma constante interação entre Abrão e Deus. Na segunda (12.10-20) Abrão age sozinho. Desce ao Egito com sua mulher, arquiteta um plano para não ser morto. Mesmo que para isso tenha que abrir mão da mulher, que ele apresenta como sua irmã. A única referência a Deus nessa pequena história é quando Ele sai em defesa de Abrão, apesar de tudo (v.17). Ou seja, Deus tem que remendar o estrago feito pelo Seu escolhido. E assim vai ser muitas vezes, na narrativa bíblica. E também em nossa vida.
Dia 21 – Ano 1