Ao longo do Gênesis, dois focos vão aparecendo nas listas de pessoas, as “genealogias”. Um se concentra na lista dos “escolhidos”, que não são escolhidos para se gloriarem disso, mas para intermediar a bênção para a humanidade toda. O outro se concentra na lista dos “ao lado”, que têm relações de parentesco com os escolhidos.
É o caso, aqui, da descendência de Ló, sobrinho de Abraão, de que fala a pequena história que encontramos em 19.30-38, e que lembra a de Gênesis 9.18-27 (o episódio da bebedeira de Noé). É significativo que histórias como essas não são varridas para debaixo do tapete. Delas surgirão tensões futuras nos relacionamentos entre os vários povos que vão surgindo. Tanto os moabitas como os amonitas, dos quais se fala aqui, deveriam ser sempre tratados com respeito pelos escolhidos (cf. Deuteronômio 2.9, moabitas; e 2.19, amonitas). Mas os próprios escolhidos falharam nisso muitas vezes. E em vários aspectos isso continua assim até hoje, na região da Palestina.
O segundo episódio (20.1-18) se assemelha ao da ida de Abraão e Sara ao Egito (12.10-20). No fluxo narrativo de Gênesis, ele representa um momento tenso. Sara tinha recebido a promessa da fertilidade. Com tudo preparado para, finalmente, ter o filho prometido, agora ela é levada ao harém de outro homem! E Abraão revela novamente um lado vulnerável. Não fosse Deus intervir, o futuro poderia estar comprometido. A tensão introduzida na narrativa neste ponto, mostra bem como o poder de Deus vai se revelando em meio às fraquezas do ser humano.
Dia 29 – Ano 1