O capítulo 28 de Gênesis é um dos mais centrais de todo o Antigo Testamento. Primeiro, Isaque repassa a Jacó a bênção de Abraão (v.3-4). Segundo, Jacó recebe a bênção no momento em que a promessa está seriamente ameaçada de não se cumprir. Jacó inverte o caminho de Abraão, e se vai de volta para o leste! E se ele nunca mais retornar? Terceiro, neste momento crucial Deus intervém com força.
Toda a segunda parte do capítulo (28.10-22) relata como Deus aparece a Jacó em sonho. No sonho, Jacó vê uma escada, uma imensa escadaria que liga a terra ao céu (v.12). Firme sobre o chão, e chegando ao céu. Anjos sobem e descem por ela. Deus fala com Jacó e o assegura de Sua presença com ele nesta jornada arriscada. E que o fará voltar (v.15).
Os detalhes deixam claro que foi um sonho em que irromperam memórias e esperanças profundas, aquelas registradas bem no fundo do inconsciente, onde as memórias e esperanças do indivíduo se fundem com as da humanidade. O alcance delas chega ao passado mais remoto, quando céu e terra se separam, e se lança ao futuro mais distante, quando céu e terra se reconciliam. Jacó percebeu isso quando acordou na manhã seguinte. Ele havia estado na “casa de Deus” (v.17). Aquele era “o portal dos céus”.
Num passado menos distante, mas ainda longínquo, a humanidade tentara construir uma escadaria dessas (Gênesis 11.1-9). Deus impediu, não porque não queria reconciliação, mas justamente porque o que Ele queria era reconciliação verdadeira, que fosse às raízes. Daí em diante, Deus põe em andamento o Seu projeto. Neste momento decisivo, Ele mostra a Jacó, que depois será chamado Israel, que o Seu propósito é esta reconciliação, e que ele corresponde às memórias e desejos mais profundos da humanidade que Ele criou e ama.
Dia 36 – Ano 1