O foco passa a se concentrar em José. Vendido como escravo pelos irmãos, ele é levado ao Egito (39.1) e ali é comprado por Potifar, um alto funcionário da corte. Com o passar do tempo, José vai adquirindo a confiança de Potifar. Este o coloca como administrador geral de sua casa e seus bens. Percebe a presença divina nele (39.3). O texto bíblico não cansa de repetir que Deus estava com ele (39.2,3,5).
De um momento a outro, não se fala mais nisso (39.6-20), e se cria um suspense, que começa com a menção da beleza pessoal de José (v.6). A mulher de Potifar fica obcecada de desejo por ele, e começa um jogo que vai ficando dramático. José resiste. Seu desejo de viver de um modo digno de Deus (v.9) supera o instinto sexual. O desejo da mulher vira despeito. Ela se volta contra ele, contando a história do seu jeito. Potifar fica furioso e manda prender José.
A essa altura a gente se pergunta se Deus estava mesmo com José! O texto se apressa a deixar isso claro (39.21). Na prisão, José vai adquirindo a confiança do carcereiro. Este o coloca como administrador geral do presídio. E o capítulo termina repetindo que “o Senhor era com ele, e fazia prosperar tudo que ele fazia” (39.23). Da perspectiva do próprio José, porém, muitas vezes as coisas devem ter parecido diferentes.
Olhando por cima, a tragédia pessoal de José parece não ter fim. A situação vai piorando passo a passo, desde o dia em que seus irmãos se voltaram contra ele. Quando as coisas parecem estar melhorando, uma nova tragédia se abate sobre ele, aprofundando a desgraça. Esse descompasso entre a perpectiva de Deus e a nossa é uma das coisas mais difíceis no nosso caminho de vida com Deus. E a Bíblia não dá uma solução fácil para isso. Ela nos ensina, antes, a respeitar o mistério que envolve os caminhos de Deus e suportar dolorosamente as aparentes contradições que eles muitas vezes trazem consigo.
Dia 45 – Ano 1