A nudez, a total transparência em que vive o casal humano, é agora colocada à prova. Um sutil jogo de palavras aqui aponta para uma tensão no ambiente. Dos dois humanos é dito que estavam “nus” (arumim), transparentes em todos os sentidos, e que nada lhes trazia vergonha. De outra criatura do Jardim, a serpente, se diz que era arum, “esperta”, mais que todos os outros animais (Gênesis 3.1). A esperteza da serpente entra em contato com a transparência dos humanos. As consequências disso são o tema de Gênesis 3.1-7.
O ponto que a serpente quer discutir com a mulher é a determinação divina de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 2.16-17). Ela sugere que a motivação que teria levado Deus a determinar isso tinha a ver com não ter rivais. “Pois Deus sabe que, no dia em que vocês comerem dele, os olhos de vocês vão se abrir, e vocês serão como Deus, conhecedores do bem e do mal” (3.5). Pouco antes ela tinha dito com todas as letras que, contrário ao que Deus tinha dito, “vocês não morrerão” (3.4).
Gênesis 3.6 expressa o que se passa na cabeça do ser humano quando confrontado com estas questões. Como que já abrindo os olhos (a serpente não tinha dito que os olhos se abririam?), a mulher “viu” o que até então aparentemente havia passado despercebido. Que o fruto dessa árvore devia ser bem gostoso. Mais, parecia bem apetitoso. Mais, ele parecia corresponder a um profundo desejo que o ser humano de repente sentiu: saber das coisas. Há aí um crescente, o envolvimento vai ficando cada vez maior e mais profundo. A Bíblia vai chamar isso de “tentação”.
Dia 9 – Ano 1