O capítulo anterior terminou com uma nota de expectativa: Deus estava com José e fazia prosperar tudo que ele fazia (Gênesis 39.23), mesmo que externamente sua situação fosse de desgraça pessoal. Gênesis 40 traz um exemplo da presença de Deus na vida de José.
Dois presos importantes haviam chegado ao presídio e estavam aos cuidados de José. Certa manhã, ao atendê-los como de costume, ele os viu preocupados. Tinham tido um sonho, e não havia quem o interpretasse para eles. José não tem dúvida: Deus é o grande especialista em interpretação de sonhos (40.8). Em dois relatos paralelos, o superintendente do palácio do faraó (“copeiro”) e o padeiro-chefe contam seus sonhos a José, e este os interpreta. Três dias depois, o faraó dá o veredito sobre o caso dos dois. E tudo se passou como José havia predito.
No meio do capítulo, uma luz parece se acender em relação ao futuro de José. Ele aproveita o bom resultado do sonho do superintendente para pedir-lhe que interceda por ele junto ao faraó, para que o tirem daquele lugar (40.14-15). Contudo, o capítulo termina falando da ingratidão do superintendente. Ao ser libertado, ele acabou se esquecendo de José (40.23).
E assim, apesar da insistência da narrativa bíblica em que Deus estava com ele, José continua esquecido numa masmorra, vendo suas perspectivas de futuro se desvanecendo. Apesar de sua boa índole e de sua fidelidade nas questões relacionadas a Deus, a vida não lhe sorri. Seus irmãos queriam matá-lo e acabaram vendendo-o como escravo. Numa terra estranha, quando a situação tinha melhorado, o despeito de uma mulher o tinha lançado em nova desgraça. Na prisão, quando uma chance parecia se abrir, se esquecem dele. Dá quase para ouvi-lo gemendo “das profundezas” (Salmos 130). Anos depois, ao dar nome aos seus filhos, a angústia por que passou ainda permanece viva em sua lembrança (Gênesis 41.51-52).
Dia 46 – Ano 1