Dois anos se passaram. Para José na prisão, quase uma eternidade. Certo dia, enviados do faraó descem apressadamente à sua cela e o conduzem ao faraó (Gênesis 41.14). Talvez tenha chegado o dia do julgamento. As apreensões começam a se dissipar quando o faraó lhe explica que tinha tido um sonho que ninguém estava conseguindo interpretar, e que tinha ouvido dizer a respeito de José que este “ouve um sonho e já lhe vem a interpretação” (41.15). O texto já tinha contado o sonho do faraó, e como o superintendente havia lembrado do jovem hebreu que, na prisão, tinha interpretado o sonho que ele e o outro funcionário do palácio tinham tido, dois anos atrás (41.1-13).
Os sentidos de José se aguçam. Sua resposta ao faraó mostra-o deixando de se preocupar com sua miséria e voltando-se para a bondade do Senhor do universo (41.16: “não em mim, mas Deus…”). O narrador repete, então, o sonho, dessa vez o faraó o conta a José (41.17-24). A repetição sublinha o sentido épico daquele evento. E de fato, José ouve o sonho e já lhe vem a interpretação. Mas não só ele dá o crédito a Deus (41.16), mas declara que no sonho Deus falou ao faraó o que está para fazer (41.25,28). A interpretação do sonho e a sabedoria do conselho de José deixam claro, para o faraó, que o Espírito de Deus está em José (41.38), e que tudo vem de Deus (41.39). Assim, a situação de José tem uma virada inesperada. De prisioneiro ele passa a regente, para conduzir os caminhos do império egípcio durante os anos seguintes.
Este capítulo mostra o Espírito de Deus se manifestando nos sonhos de um governante que não faz parte do “povo de Deus”. Mostra o Espírito de Deus se manifestando na interpretação de sonhos do cotidiano, e em conselhos de sabedoria “mundana”. “Para manter viva muita gente”, como o texto bíblico vai dizer em retrospecto (Gênesis 50.20).
Dia 47 – Ano 1