Gênesis 48 e 49 nos colocam ao lado do leito de morte de Jacó, que determina que os filhos o enterrem no terreno da família em Canaã, junto aos seus antepassados (49.29-32). O tema que perpassa estes dois capítulos é a bênção. Bênção entre pessoas, mediação da bênção divina às pessoas.
A bênção de Jacó é solene, com aquela mística que dá a impressão de que ele já está numa franja entre o aqui e o além. Assim era visto antigamente o ancião que Deus tinha abençoado, em seu leito de morte. Sua bênção carrega tanto a visão como a energia do mundo vindouro, por isso lhe davam tanta importância (como no exemplo da disputada bênção de Isaque, Gênesis 27).
Jacó adota como seus os dois filhos de José (48.5-22). Isso significa que José é privilegiado com uma dupla herança. Ao abençoá-los, Jacó inverte a ordem normal. E assim de novo o filho mais novo vem antes do mais velho, como tinha sido com o próprio Jacó e também com Isaque.
O capítulo 49 traz a bênção de Jacó a todos os seus 12 filhos (diferente de Isaque, que abençoaria só a um). Presente, passado e futuro se misturam numa bênção que é, ao mesmo tempo, profecia. Dois dos filhos são distinguidos: José (49.22-26; “o que foi distinguido entre os irmãos”) e Judá. Rúben, o primogênito, vem primeiro na lista (49.3-4), mas tem contra ele um feito lamentável, que tinha sido relatado brevemente em 35.22. O mesmo ocorre com Simeão e Levi, mencionados juntos (49.5-7) porque juntos haviam perpetrado o genocídio em Siquém, de que fala Gênesis 34.25-31. A bênção do primogênito é reservada a Judá (49.8-12). Lida à luz da sequência da narrativa bíblica, ela parece conter referências tanto ao futuro reino de Judá como a uma promessa messiânica.
Dia 54 – Ano 1