A partir de agora, o Guia de Leitura da Bíblia seguirá a ordem dos livros como se encontram
no cânon judaico. Este é dividido em 3 partes: Torá (“Instrução”), Profetas e Escritos. Os Profetas,
por sua vez, são divididos em dois grupos: Profetas Anteriores (Josué, Juízes, Samuel e Reis) e Profetas
Posteriores (Isaías, Jeremias, Ezequiel e os Doze “profetas menores”).
Essa ordem capta bem os movimentos do texto e da narrativa, e sua sequência.
“Visão de Isaías filho de Amoz, o que ele viu a respeito de Judá e Jerusalém nos dias de Uzias, Jotão, Acaz, Ezequias, reis de Judá” (Isaías 1.1). Os reis aqui mencionados já são nossos conhecidos. Uzias, também chamado de Azarias, aparece em 2 Reis 15.1-7. Seu filho Jotão, em 2 Reis 15.32-38. O reinado de Acaz é o tema de 2 Reis 16. O de Ezequias ganha destaque em 2 Reis 18 — 20. É dentro deste relato que o profeta Isaías aparece pela primeira vez (2 Reis 19.2). Sua relação com o rei Zedequias é tão relevante para a narrativa bíblica, que a história deles se encontra também em Isaías 36 — 39.
Os Livros dos Profetas que começamos a ler relatam palavras e atos simbólicos de profetas que foram chamados por Deus para ser uma forma de Sua presença na história do povo de Israel. A instituição do reinado parece ter aguçado a necessidade de contrapesos ao poder potencialmente excessivo dos reis na época. Profetas já aparecem antes, na narrativa. Moisés foi profeta, e não via o dom profético como posse ou exclusividade sua. “Quem dera, todo o povo do Senhor fosse profeta” (Números 11.29). Samuel foi um grande profeta (1 Samuel 3.20). Também a irmã de Moisés, Miriam, foi profetisa (Êxodo 15.20). E também Débora (Juízes 4-5), que além do mais era “juíza” (Juízes 4.4). Sem esquecer Hulda, que instrui o rei Josias num momento de crise (2 Reis 22.14).
O Livro de Isaías amplia o quadro da atuação deste profeta que encontramos em 2 Reis 19 — 20, no contexto do reinado de Ezequias. O livro com seu nome, inclusive, vai estender a sua atuação por vários séculos, para além do tempo dos quatro reis aqui mencionados. Tal é o impacto espiritual que pode gerar a presença de uma pessoa portadora do Espírito e a quem é revelado o conselho do Altíssimo. O Livro de Isaías é descrito como “visão” (Isaías 1.1), o que no seu próprio entender vai além de uma visão específica num momento pontual da história. Também as palavras que ele transmite lhe são comunicadas em visões (Isaías 2.1). Fundamentalmente, o livro todo, como um todo, transmite uma visão. Uma grande visão que engloba de momentos concretos específicos a grandes movimentos históricos, que vão longe tanto no espaço como no tempo. E inclusive transcendem espaço e tempo, nos abrindo janelas para a eternidade e para o mundo do espírito.
Dia 5 – Ano 2