Israel e Judá são a “videira” de Deus, a vinha que Ele “trouxe do Egito” e plantou com muito amor na terra prometida (Salmos 80.8-9). A expectativa é que desse frutos bons, mas o que veio foram frutos maus (Isaías 5.4). De Sua videira Deus “espera o direito, e vejam: derramamento de sangue! Justiça, e vejam: gritos de dor” (Isaías 5.7).
Os frutos que Deus espera de Seu povo são aprender a viver pelos parâmetros da Instrução que Ele lhes deu, e que é expressão da Sabedoria pela qual Deus criou o universo e o mantém desde sempre (Provérbios 8.22-36). Isaías 2.3-4 deixa claro que a Instrução dada a Israel pertence a todos os povos, justamente por ser expressão dessa Sabedoria que funda e permeia a criação inteira. Os fundamentos do trono do Senhor do universo são “a justiça e o direito” (Salmos 89.14). Por isso, também, justiça e direito são fundamentos do universo criado e governado desde esse trono. São as “uvas boas” que Deus espera da videira que com tanto amor ele plantou e cultivou. Que, de tão boas, atraiam todos os povos a ela, para com ela aprender a Instrução pela qual todos anseiam.
Como os frutos não vieram, o que vem é destruição (Isaías 10.23). Mas no mesmo momento em que anuncia isso, Isaías anuncia ao povo de Deus uma solene palavra de encorajamento. “Por isso, assim diz o Senhor, o Senhor de todos os seres: Não tenham medo, povo meu que habita em Sião, dos assírios” (10.24). Apesar de todo o poder e agressividade dos assírios, o povo de Deus não deve ter medo deles (10.24). Quando Sua indignação terminar, o Senhor lidará com eles (10.26) e quebrará o jugo que eles impuseram ao Seu povo (10.27).
Desde Isaías 5.25 estamos ouvindo da indignação divina que não diminui. Agora vem o anúncio esperado. “Em pouco tempo a minha indignação terminará” (10.25). Antes, porém, vemos Deus Se colocar junto ao Seu povo que está em pânico por causa do avanço implacável dos assírios, cuja descrição é de tirar o fôlego. “Chegaram a Aiate! Passaram Migrom! Largaram a bagagem em Micmás!…” (10.28-32) e assim vão chegando, arrasando tudo pelo caminho, até chegarem a Nobe, de onde erguem o punho, em desafio, contra Jerusalém (10.32). O rastro de destruição é descrito com imagens que evocam a destruição de florestas (10.33-34).
Quem está por trás dessa avalanche é o próprio Deus, “o Senhor, o Senhor de todos os seres” (10.33), dando vazão à Sua indignação. O texto não vê problema em situar Deus em diferentes lugares dentro de um mesmo evento. A enxurrada assíria tem sido conduzida por Ele desde o início, isso tem sido frisado por Isaías. Na perspectiva profética, ela chega aqui ao seu ponto culminante, às portas de Sião. Ao mesmo tempo, mesmo tendo escondido Seu rosto (8.17), Deus em nenhum momento deixou de estar ao lado do Seu povo. Aqui Ele sofre ao lado deles e toma parte em seus medos e suas angústias.
Dia 28 – Ano 2