A grande ameaça que paira no horizonte em Judá e Jerusalém são os assírios, que entrementes formaram um grande império ao qual era difícil resistir. No contexto imediato de Isaías, eles representam o “dia da visitação”, o “dia da calamidade” que de longe vem se aproximando (Isaías 10.3). O reino de Israel já havia colapsado diante deles (2 Reis 17.3-6). Naqueles dias eles estão perto de Jerusalém, último bastião de resistência no reino de Judá (isso parece ser o pano de fundo de Isaías 1.7-8). Através deles, Deus está expressando Sua indignação contra os pecados do Seu povo (Isaías 5.25-30).
Isaías 10.5-34 são uma extensa profecia contra os assírios. O instrumento da indignação divina agora é chamado à prestação de contas. “Ai da Assíria, bastão da minha indignação! A vara em sua mão é o instrumento da minha inconformidade” (Isaías 10.5). Por trás dos assírios está Deus, que os envia “contra um povo iníquo”, Judá, “o povo que me deixa indignado” (10.6). Desde a perspectiva profética, é isso que está acontecendo naquele momento naquela região. Mas os assírios “não vêem isso assim” (10.7). Seu coração está cheio de rapina e violência. Para eles, o poder é deles e eles fazem o que querem (10.10).
O cálculo do imperador assírio é simples. “Como eu fiz com Samaria” (a capital do reino de Israel), “farei também com Jerusalém” (10.11). “Através do meu poder, da sabedoria com que fui agraciado” (10.13) é que fiz o que fiz! E se gaba dos seus feitos (10.13-14). Mas Deus vê diferente (10.15). Uma série de metáforas quer mostrar quem é quem, quem de fato tem poder. De 10.16 a 10.19, o profeta fala de um novo “envio”, já não mais o dos assírios contra os povos, mas o dos instrumentos que Deus usará para confrontar os assírios.
Passada a enxurrada assíria, um resto sobreviverá em Israel (10.20-21). “Um resto voltará” (sheár iashúv, o nome de um dos filhos de Isaías) ao “Deus Forte” (um dos nomes do menino prometido quando se tornar rei, Isaías 9.6).
O povo aprenderá a não buscar apoio e proteção no poder humano, naquilo que impressiona os olhos, os ouvidos, o coração. O poder humano termina ferindo até os que nele se refugiam. O povo de Deus aprenderá a se apoiar “de verdade” no seu Deus (10.20). Mas antes disso a indignação divina tem que se escoar. Faz parte do conceito de justiça que a justiça tem que ser feita (10.22-23).
Dia 27 – Ano 2