Do tronco de Jessé brotará um renovo (Isaías 11.1) que se assentará no trono de Davi, e que renovará inclusive as nossas noções de autoridade e poder. A narrativa dos Livros dos Reis termina com a terra de Israel devastada e o povo levado embora (2 Reis 25). Mas suas últimas palavras nos dizem que o rei de Judá, o descendente de Davi, se encontra bem e protegido na terra do exílio (2 Reis 25.27-29). Outros livros bíblicos continuam a narrativa e contam do retorno do exílio e das esperanças e desesperanças do povo de Deus. Esperanças e desesperanças que continuam vivas até hoje, pois de alguma forma o Rei prometido ainda é promessa de futuro que quer iluminar o nosso presente. Nela temos não só a figura de um governante ideal, mas também uma expressão da perspectiva divina de relações de poder adequadas ao ser humano e à toda a vida no nosso planeta.
“Sobre ele repousa o Espírito do Senhor” (Isaías 11.2). Seis características do Espírito são destacadas. “Espírito de sabedoria e inteligência, Espírito de conselho e poder, Espírito de conhecimento e temor ao Senhor”. Sabedoria é expressão do Espírito cujo sopro deu origem à criação (Gênesis 1.2). Sua origem está na eternidade, no começo, “antes de existir a terra” (Provérbios 8.23). Quando Deus preparava os céus em Seu coração, quando em Sua mente Ele “traçava um horizonte sobre a face do abismo” (Provérbios 8.27), a Sabedoria estava ao seu lado como artesã que vai dando forma ao universo conforme a vontade do Criador (Provérbios 8.30). Sabedoria e inteligência formam um par, assim como conselho e poder, assim como conhecimento e temor do Senhor. São como ramos da árvore que, um para um lado e outro para o outro, mutuamente se equilibram e se reforçam.
Se a sabedoria está “lá” na eternidade com o Criador, o temor do Senhor está “aqui” na existência concreta do ser humano. Por ele se envereda pelo caminho que leva ao Criador. Por isso na Bíblia se sabe que o princípio da sabedoria é o temor do Senhor. Com ele vem o conhecimento. Com eles vem poder e conselho, irmãos que devem sempre estar juntos. Com eles vem a inteligência e a sabedoria que está na origem da vida e do universo.
“O aroma que o encanta é o temor do Senhor” (11.3). Como o pecado podia ser descrito como um mau cheiro, a reverência para com Deus é um aroma agradável. Os sentidos conduzem à espiritualidade. “Não julgará pelo que os seus olhos vêem, não tomará decisões pelo que os seus ouvidos ouvem”. Mas os sentidos nem sempre são confiáveis. Julgamentos e decisões devem se basear não neles, mas no temor do Senhor. São tempos em que o povo de Deus “ouve mas não entende, vê mas não enxerga” (Isaías 8.9), em que olhos e ouvidos desviam os corações e as mentes para o que é falso. Em tempos assim, o Renovo “de beleza e glória” (Isaías 4.2) encarna a esperança por um mundo novo.
Dia 30 – Ano 2