Isaías 19 — 20

Isaías 19 — 20

De algum lugar no norte da África (Isaías 18), a profecia passa para um lugar definido na mesma região: o Egito, que recebe agora um massá, uma “palavra pesada” (Isaías 19.1). A imagem anterior, de Deus em silêncio passivo (18.4), é agora colocada em movimento. “Vejam: o Senhor cavalgando uma nuvem ligeira, e se dirige ao Egito” (19.1). 

A reação não demora. “Os ídolos do Egito tremem diante dEle, o coração dos egípcios se derrete dentro deles”. No pânico, cada um vai por sua pele. Todos contra todos (19.2). Na confusão, apelam para a intervenção dos espíritos (19.3) e dos sábios do Egito (19.11). Então vem o anúncio: “Entregarei os egípcios na mão de senhores duros. Um rei cruel reinará sobre eles” (19.4). A natureza responderá negativamente (19.5-7). A cadeia produtiva será afetada (19.8-10). A coisa chegou a esse ponto sem que isso tenha sido devidamente percebido pelos que têm poder e influência (19.11-15). 

A situação é descrita de outro ângulo em Isaías 20. O exército assírio conquistou a cidade de Asdode, na Filístia (Isaías 20.1). A Filístia era a última estação para o Egito, numa rota norte-sul pelo caminho do mar. Isaías é chamado a uma ação profética, andar nu e descalço por três anos (20.2), como advertência aos egípcios e os etíopes: assim, nus e descalços, eles seriam levados ao cativeiro assírio (20.4). A ação simbólica visa também os israelitas, que estão depositando neles sua confiança e suas esperanças (20.5-6). 

De volta ao Egito. De alguma maneira os egípcios serão levados a associar estes acontecimentos com o Deus de Israel (19.16). Em meio a uma comoção religiosa, o Egito prestará culto ao Senhor de todos os seres (19.18-19). “Clamarão ao Senhor por causa dos opressores, e Ele lhes enviará um salvador e protetor, e os livrará” (19.20). E assim “o Senhor se dará a conhecer aos egípcios, e os egípcios conhecerão o Senhor naquele dia” (19.21). “O Senhor ferirá os egípcios. Ferirá, mas também curará. E voltarão ao Senhor, e Ele os atenderá e os curará” (19.22).

A linguagem faz lembrar uma época distante, quando os egípcios eram os opressores, opressores dos israelitas. Quando o faraó resistiu arrogantemente às intervenções do Deus de Israel. Agora, “naquele dia”, terá chegado o momento da reconciliação dos egípcios com o Senhor de todos os seres. Quando aquela vez os israelitas saíram do Egito, Deus abriu uma estrada provisória no meio do mar para eles passarem. “Naquele dia” Ele abrirá uma estrada permanente “do Egito até a Assíria” (19.23), uma transcontinental que unirá as duas grandes potências, o Egito e a Assíria. Com Israel no meio, “uma bênção no meio da terra” (19.24). E estarão todos sob a bênção de Adonai Tsevaôt, o Senhor de todos os seres. “Bendito seja o meu povo, o Egito! E a obra de minhas mãos, a Assíria! E a minha herança, Israel!” (19.25).

Dia 38 – Ano 2