A palavra profética de Isaías 2.1-4 tem como foco os povos e as nações que retornam ao Sião, ao Éden, buscando a Palavra de Deus e a paz e a solidariedade que a acompanham. No fim, é acrescentada uma exortação ao povo de Deus, para que entenda essa profecia e viva de acordo com ela: “Casa de Jacó, venham! Andemos na luz do Senhor” (Isaías 2.5). Como os povos e as nações, também o povo de Israel é convidado a andar na luz de Deus!
O povo de Deus também pode andar seguindo outras luzes. É disso que fala o trecho que segue (Isaías 2.6-22). De um futuro promissor, passamos a um presente nada promissor. “Esqueceste o teu povo, casa de Jacó!” (2.6). Esse alerta atravessa o texto de ponta a ponta. O que aqui é chamado de “casa de Jacó” é uma espécie de espírito coletivo do povo ou nação. Que inclui todos e responsabiliza todos. E que pode inclusive virar um ideal voltado contra as pessoas concretas, como pode estar sendo o caso aqui.
O que segue é uma extensa lista dos pecados atuais de Israel, que geram esse alarme no texto bíblico. Em lugar da Instrução, da Palavra de Deus que deveria encher Jerusalém e ser um ímã para os povos em busca de suas identidades profundas, o que temos é o que aqui é descrito. As ruas e os corações em Jerusalém estão “cheios do Oriente” (2.6), “Oriente” aqui nem é tanto indicação geográfica. É um símbolo das idolatrias e superstições tão a gosto do povo de Deus. “Sua terra está cheia de prata e ouro” (2.7). Esse é o correlato que na vida real, quase sempre, é o verdadeiro foco das ações e intenções. Os ídolos não são acalentados por serem tais, e sim por trazerem dinheiro, que sem que se perceba é o maior dos ídolos. Por isso a terra está “cheia de ídolos” (2.8).
As consequências são mostradas claramente. “O ser humano é diminuído, as pessoas aviltadas” (2.9). O dinheiro cresce, a idolatria cresce, o ser humano é diminuído e aviltado. Uma espécie de síndrome que sempre de novo podemos atestar ao longo da história da humanidade, e também da história do povo de Deus. A isso o texto bíblico acrescenta uma súplica dirigida a Deus: “Não os perdoes” (2.9). E uma palavra forte: “Entra nos rochedos, te esconde na poeira, diante do terror do Senhor, do brilho da Sua majestade” (2.10; 2.21). E uma previsão: “O olhar soberbo dos humanos será baixado, o espírito dessas pessoas será diminuído. Elevado, nesse dia, só o Senhor!” (2.11). Pois há um “dia prescrito pelo Senhor de todos os seres, contra todos os altivos e soberbos, todos que se exaltam” (2.12). Tudo que no mundo se eleva indevidamente (2.13-15), culminando nos belos e sólidos navios que trazem ouro e mercadorias (2.16) que sustentam e alimentam essas elevações indevidas de humanos contra Deus e o próximo.
Duas palavras proféticas contrapostas em espelho. Isaías 2.1-4 com sua promessa de um mundo que ouve a Palavra e aprende a solidariedade. Isaías 2.6-22 com um quadro deprimente da realidade presente desse mesmo mundo. No meio, uma exortação ao povo de Deus: “Venham, andemos na luz do Senhor!” (Isaías 2.5).
Dia 13 – Ano 2