Sião, para onde se espera que os povos afluam para receber a Instrução e a Palavra (Isaías 2.3), ficou cercado e isolado (1.8). Mais para Sodoma e Gomorra (1.9-10) que para centro de salvação. Seu povo e suas autoridades o transformaram de “fontes da salvação” (Isaías 12.3) em “rios de sangue” (1.15; 4.4), permitindo que a negatividade brotasse e desse frutos. Em vez de “bênção para todas as famílias da terra” (Gênesis 12.2-3), o que vemos é que “a maldição devora a terra” (Isaías 24.6) e os seus habitantes são os culpados (24.5-6). “A terra está se rompendo, a terra está rasgando, a terra treme de alto a baixo” (Isaías 24.19).
A visão profética prevê um tempo em que o Senhor de todos os seres dará no Sião um banquete a todos os povos. É o lado positivo da remoção da negatividade que no presente perpassa a humanidade e o mundo. “Tragará o véu que cobre todos os povos, a coberta estendida sobre todas as nações” (Isaías 25.7). O “véu” que não nos permitia a percepção da dimensão espiritual é removido. A “coberta” que separava a terra dos céus foi removida. E assim finalmente a bênção dada a Abraão se estende, do Sião, a todas as famílias da terra. O texto não poupa nas cores quando descreve o momento festivo que sela esse momento maior da história da humanidade e do mundo. “E o Senhor de todos os seres fará para todos os povos, no monte Sião, um banquete de carnes suculentas, um banquete de vinhos de reserva” (Isaías 25.6).
O momento maior desse momento maior da história da humanidade e do mundo é quando o Anfitrião anuncia: “Tragada foi a morte para sempre. O Senhor, o Senhor, enxuga as lágrimas de todos os rostos, e remove da face da terra a desgraça do Seu povo” (25.8). A linguagem usada aqui pode parecer um pouco estranha a princípio. O véu, a coberta, a própria morte, são “tragados”, engolidos. É um jeito expressivo de sinalizar que este grande banquete de reconciliação dos povos tem dois lados. Para que os povos possam “tragar” alegres e felizes as comidas e bebidas muito especiais ali oferecidas, o Deus dos povos, o Senhor de todos os seres “tragou” tudo que impedia este grande momento. Por completo. Inclusive a morte, o último grande impedimento. E mais: passou a própria vida a limpo. Enxugou as lágrimas, removeu a desgraça.
“Tu, Tu tomaste nota das minhas desgraças!
Guardaste no Teu odre as minhas lágrimas!
Estão todas no Teu livro!” (Salmos 56.8).
E para que não haja dúvida, o profeta acrescenta o selo final a todas estas palavras: “Pois o Senhor falou”.
Dia 48 – Ano 2