Depois da meditação sobre as “duas cidades”, a construída por Deus e a erguida pela altivez humana (Isaías 26.1-6), temos agora um diálogo de um “justo”, um dos “de disposição firme”, com Deus (Isaías 26.7-21). Nesse diálogo a pessoa algumas vezes parece conversar com sua própria alma na presença de Deus.
O “caminho do justo” tem um propósito, uma meta, e em função dela vai sendo aplainado (26.7). Também os “juízos” divinos colaboram para isso (26.8). Saber isso, interiorizar essa percepção, é parte do caminho do justo com Deus no mundo. Noite e dia são dedicados a este propósito (26.9). Mas isso não leva a alma e o espírito a uma postura individualista. “Quando o Teu direito se realiza na terra, a população do mundo aprende a justiça” (26.9). Já vimos o que acontece quando a humanidade, começando pelo povo de Deus, perde o rumo. “Ele espera o direito, e vejam: derramamento de sangue! A justiça, e vejam: clamor!” (Isaías 5.7). A justiça que reflete o direito divino no mundo, está indissoluvelmente ligada à “fome e sede de justiça” (Mateus 5.6) que vai crescendo na “alma que Te deseja”, no “espírito que no íntimo Te busca” (Isaías 26.9).
A meditação sobre o caminho do “justo” inclui a possibilidade do seu contrário, o “injusto”, o “mau”. Este, mesmo quando tratado com bondade e consideração, “não aprende a justiça”. Um ambiente de integridade não o demove de sua perversidade. “Ele não vê a majestade do Senhor”, a sua própria “majestade” concentra toda a sua atenção. E assim ele deixa de ver a “mão erguida” do Senhor, que causa o julgamento e a destruição (26.10-11). Já o justo nem cogita em “majestade própria”, pois percebe a presença de Deus em tudo que faz (26.12).
Objetivamente, o povo da justiça vive em lugares e contextos em que “outros senhores” comandam (26.13). Outros poderes demandam sua atenção, seu compromisso. Poderes que nem sempre primam pela busca do direito e da justiça. Como manter a integridade nessas condições, é uma pergunta crucial. A narrativa bíblica sempre de novo nos conta histórias, dá exemplos tanto positivos como negativos, dá conselhos que, se seguidos, podem nos ajudar. “Mas nenhum nome celebramos, senão o Teu” (26.13). Nomes concorrentes não faltam. E não precisam necessariamente ser nomes de deuses. Os maiores concorrentes do Nome divino podem se apresentar como pretensas “expressões” dele próprio, que sutilmente podem ir ganhando vida própria e, sem que percebamos, se tornar “outros senhores” sobre nós. Buscar o Senhor de corpo e alma, meditar na Sua justiça e permitir que ela nos governe, são os meios para “nenhum nome celebrarmos, senão o Teu”.
Dia 51 – Ano 2