O sexto e último “ai” da série começada em Isaías 28.1 é dirigido ao “destruidor que não havia sido destruído”, ao “traidor que não havia sido traído” (Isaías 33.1). Não há uma identificação histórica específica. “Quando terminares de destruir, serás destruído. Quando terminares de trair, serás traído”. Esse parece ser o tema geral. Detalhes, efeitos e consequências vão aparecendo em visões sucessivas, num ritmo agitado. Os tempos vão se sobrepondo, e de vez em quando o fluxo é entrecortado por uma oração ou uma exclamação. A primeira está logo no início: “Senhor, tem compaixão de nós, temos esperado em Ti! Seja o nosso braço …, a nossa salvação” (33.2).
Um tumulto espanta e faz fugir “as nações”, deixando para trás um grande despojo (33.3-4). Entre uma visão e outra, um reconhecimento: “O Senhor é elevado, habita no alto, enche Sião de direito e de justiça!”(33.5). E a promessa de que nesse tempo Sião estará firme, rica em salvação e sabedoria. Seu grande tesouro será o temor do Senhor (33.6). E logo estamos de volta a uma descrição de uma dura realidade (33.7-9), interrompida por um anúncio solene do Senhor, pronto para entrar em ação (33.10). Consequências são relatadas (33.11-12), e em seguida um convite: “Vocês que estão longe, ouçam o que Eu fiz! Vocês que estão perto, reconheçam o meu poder!” (33.13).
Tudo isso gera um grande assombro. Diante do Sião, os pecadores perguntam: “Quem de nós pode conviver com um fogo consumidor? Quem de nós pode conviver com chamas eternas?” (33.14). A resposta ressoa: “Quem pratica a justiça e fala o que é certo, quem rejeita ganhos de opressão, quem se irrita com tentativas de suborno, quem fica indignado ao ouvir de assassinatos, quem não suporta ver o mal” (33.15).
A estes, uma promessa: “verão o rei em sua beleza, verão a terra até muito longe” (33.17), uma alusão a como Sião será elevado nesse novo tempo (Isaías 2.2). Quando se lembrarem de suas angústias, saberão que o passado terá passado, não se vê mais nada daqueles que um dia tanto sofrimento causaram (33.18-19). “Olhem para Sião”, e verão uma Jerusalém tranquila (33.20). Como na visão de Ezequiel (47.1-12), do templo fluirá um rio que será como um fosso de proteção em redor da cidade, impedindo qualquer ataque inimigo (33.21). “Porque o Senhor é quem nos julga. O Senhor é quem nos faz leis. O Senhor é o nosso Rei, Ele é quem nos salva!” (33.22).
Uma última olhada para o presente, à luz da imagem do grande rio no qual ninguém estará autorizado a navegar: “Hoje as tuas cordas estão frouxas, não conseguem firmar o mastro nem estender a vela. No futuro, vocês repartirão enormes despojos. Até os coxos participarão!” (33.23). Entre o presente sombrio e o futuro em que “a luz da lua será como a do sol, e a do sol sete vezes mais brilhante, como luz de sete dias juntos, o dia em que o Senhor tratará da ferida do Seu povo, e fará sarar a lesão causada pelos Seus golpes” (Isaías 30.26), está um reconhecimento e uma experiência: o Deus cujas ações podem gerar sofrimento, é o Deus que cura (33.24).
Dia 65 – Ano 2