Isaías 44

Isaías 44

A “coisa nova”, que cobre o passado com o misterioso manto do amor divino, e abre o presente para o futuro, é que o Senhor apaga as transgressões e lança os pecados no esquecimento. De onde não devem ser invocados e trazidos de novo à luz. Isso seria dizer a Deus que Ele não fez o que Ele expressamente disse que fez. E fez “por Mim mesmo” (Isaías 43.25), não por algum mérito nosso. Sob essa luz, a missão do Servo de Deus vai ganhando novos contornos.

“E agora, escuta, Jacó, meu servo!” (Isaías 44.1). “Não tenha medo” (44.2). No insondável mistério do Seu amor, Deus continua provendo para o Seu povo, e promete às gerações futuras o Seu Espírito e a Sua bênção (44.3). O povo “cansado de Deus” (Isaías 43.22) ainda verá o dia em que será feliz por poder se chamar pelo Seu nome (Isaías 44.5).

Entrementes, o povo precisa aprender que o seu Deus é “o Rei e o Redentor de Israel, o Senhor de todos os seres, o Primeiro e o Último” (44.6). E que diante Dele não pode haver outro deus. A insistência nisso, e no desmascaramento dos ídolos (44.9-17), sugere que esse continua a ser um problema crucial para o povo de Deus. E se o povo de Deus estiver “pastoreando cinzas”, se “um coração iludido o desviar” (44.20)? E se ele for levado a pensar que esse é um problema dos outros, dos pagãos, e não deles?

“Não entendem, não compreendem. Pois seus olhos estão sedados para que não vejam; e seu coração, para que não tome nenhuma medida” (44.18). Essa foi a denúncia que levou ao chamamento de Isaías como profeta (Isaías 6.9-10), e que permanece como pano de fundo de suas mensagens. “E ninguém põe isso no coração!” (Isaías 44.19).

“Lembra-te disso, Jacó, Israel! Pois és o meu servo” (44.21). Agora é momento de lembrar, agora se fala de coisas que não devem ser esquecidas. Porque Deus não esquece. O povo de Deus é chamado a lembrar a sua constante tentação a se afastar de Deus, a ser rebelde, a flertear e fazer alianças com outros deuses (mesmo que não sejam assim chamados). E sob essa luz é chamado a lembrar o Deus que “desfaço como a névoa as tuas transgressões, como nuvem os teus pecados” (44.22).

O Senhor redimiu Jacó, mostrou Sua glória em Israel” (44.23). Céus e terra, a criação toda expressa sua alegria e reconhecimento. Assim é a realidade quando vista da perspectiva divina. E que a criação parece ter menos dificuldade de perceber do que o próprio povo que Deus chamou. Este parece sedado, preso a uma realidade que não lhe permite ser o povo de Deus com que sonha a palavra profética. E que aqui é representado pelo Servo de Deus, no espelho de quem o povo servo de Deus deve aprender a se enxergar. “Volta para mim!” (44.22), e aprende a ver a realidade desde a perspectiva de Deus e do Seu Servo.

Dia 94 – Ano 2