Isaías 48.3-22

Isaías 48.3-22

O povo de Deus passou por um período de exílio e sofrimento. Deus havia alertado que isso iria acontecer, se continuassem a seguir o caminho de “se identificar com o Deus de Israel, mas não em verdade e em justiça” (Is 48.1). Toda a caminhada anterior de Deus com Israel é resumida numa expressão que aparece bastante nesses capítulos de Isaías: as primeiras coisas. Desde o cativeiro e a libertação do Egito, até o novo cativeiro na Babilônia. Talvez Israel, com o tempo, tenha se acostumado com as palavras de advertência e até achado jeitos de domesticá-las, de naturalizar seus caminhos desviantes dentro de uma moldura de crença e discurso religioso.

O profeta Jeremias chega a falar numa espécie de relação mágica com o Templo e com as coisas de Deus em geral. O povo parecia ter dificuldade de perceber que, quando Deus dizia que não suportava mais a leviandade com que eles seguiam com seus cultos e orações (Is 1.13-15), enquanto viviam para si próprios e não se importavam com a justiça e a verdade, Ele estava falando sério. Sabendo que és obstinado, cabeça dura, diz Deus, Eu te alertei desde o começo, te anunciei antes que acontecesse. Estavam imersos em idolatria, mesmo que as práticas e o jargão religioso ocultassem esse fato.

A imagem do povo de Deus que o profeta nos transmite aqui é forte. Um povo trapaceiro, que transgride desde o ventre materno. Mesmo provados na fornalha da aflição, não tinham jeito de mudar. Racionalizavam, se justificavam, para continuar a fazer as coisas do jeito melhor para si próprios, sem se importar com a verdade e a justiça. Passadas as primeiras coisas, Deus agora quer anunciar coisas novas. Ele as tinha no coração, e agora as cria. Mas parece que deve ter cuidado para que Suas palavras não venham a ser sequestradas e transformadas em outra coisa.

Se prestasses atenção nos meus mandamentos! Tua paz seria como um rio, tua justiça como as ondas do mar! A novidade que Deus promete está ancorada nas Suas promessas antigas. Saiam da Babilônia! Esta é a decisão a tomar, o caminho a seguir. Na profundidade do nosso ser, Babilônia é o que nos mantém cativos de nós próprios e nos impede de seguir de coração a Deus. Desde a saída do Egito o povo tem sido advertido de que o Egito está nos corações. A Instrução foi dada para que aprendessem isso. Depois de todo esse tempo, depois de um segundo Egito, Deus continua com paciência e amor a caminhar com o Seu povo.

Dia 105 – Ano 2