A realidade presente do Servo de Deus, é de alma humilhada. Desprezado das nações, servo de dominadores (49.7). Nessa condição, ele virá a ser reverenciado pelos poderosos das nações. A experiência da humilhação, do desprezo e da servitude, leva o Servo a assumir sobre si as consequências da desumanidade a que os humanos têm sido submetidos. E levará um dia ao reconhecimento, por parte dos detentores do poder, de que é aí que está o verdadeiro poder.
Ao Servo, e a todos os Seus servos, Deus anuncia um tempo de agrado, um dia de salvação (49.8). Um tempo especial, de especial intervenção divina. Para esse tempo Deus guarda o seu Servo. Quando esse tempo chegar, Ele tornará público aquilo a que veio: ser um pacto para o povo. Povo que aqui, em primeiro plano, são os israelitas, que terão sua terra e sua herança restauradas. Um pacto ao qual segue a convocação aos cativos: Saiam! Aos que estão na escuridão: Venham para a luz! (49.9).
O pacto, e o anúncio, são tão certos e firmes, que já podemos ver o povo a caminho. Há um longo deserto a ser atravessado, mas nele Deus está presente. Alimentando, protegendo, guiando, aplainando os caminhos (49.10-11). É um quadro tão impressionante, que se torna logo figura para algo ainda maior. A multidão dos israelitas se torna agora uma imensa multidão que vem de todos os lados, atendendo o convite do Servo (49.12).
No começo das visões do tempo do exílio, uma voz do céu havia proclamado: “Consolem, consolem o meu povo!” (Is 40.1). Agora, temos o anúncio: O Senhor consolou o Seu povo (49.13). Quanto se pode ver com os nossos olhos, se trata de um grupo de retirantes, de imigrantes. Pequeno, em comparação com o número de israelitas que nessa época havia na Babilônia e arredores. Mas grande no símbolo em que se torna.
Os céus, a terra, os montes, enxergam bem mais que nós, enxergam a realidade transfigurada pelo símbolo, e explodem em alegria (49.13). Abrir nossos olhos para enxergar esse “bem mais”, é um dos grandes propósitos dos textos bíblicos. A humilhação que o Servo sofre e carrega, é também a humilhação dos nossos critérios e cálculos. Um, de quem se possa dizer que representa o tempo do agrado divino, o tempo da salvação, a aliança de Deus com o Seu povo, carrega em si os muitos que serão agraciados com essa aliança e com essa salvação.
Dia 109 – Ano 2