O povo de Deus, no exílio, se sente abandonado por Deus. Imagens de família aqui querem transmitir de um jeito forte essa sensação. A Filha de Sião se sente como uma mulher rejeitada, que perdeu não só o marido, mas também os filhos. Os textos vão tentando mostrar ao mesmo tempo dois lados, difíceis de serem conciliados. O cativeiro babilônico, por um lado, é resultado de uma tendência quase irresistível a pecar contra Deus e contra o próximo, atraindo sobre si as consequências, que são as mazelas que o povo está enfrentando. Por outro lado, o Senhor não cansa de mostrar ao povo o Seu amor que ultrapassa todo entendimento.
Estes dois aspectos se encontram lado a lado em Isaías 50.1. Aos filhos de Sião, Deus pergunta se alguém já viu uma certidão de divórcio pela qual Ele tenha rejeitado a mãe deles. Ou, quanto a eles próprios: alguém pode mostrar um credor a quem Deus tenha vendido os Seus filhos? O povo de Deus não está lendo corretamente o que está se passando. E isso é perigoso. Podem botar a culpa em quem não tem, e com isso esconder a culpa de quem tem.
A sensação de terem sido vendidos, vem da iniquidade que toma conta dos corações. A sensação de que a mãe foi abandonada, vem das transgressões, que obscurecem as mentes e levam a pensar errado. Deus não os abandonou. Deus escondeu Seu rosto, o que não é nem de longe a mesma coisa. O mal que eles abrigam em suas mentes e corações, os leva a acrescentar aos seus pecados o pecado de não reconhecer seus pecados e ainda culpar os outros, inclusive o próprio Deus.
O exílio, na narrativa bíblica, é visto como uma oportunidade extrema que Deus está dando ao Seu povo, de cair em si. De revisar sua vida, de refletir sobre os seus caminhos e seus pecados. De meditar na Instrução e nas palavras dos profetas. De voltar para o seu Deus de todo coração.
Dia 112 – Ano 2